Título: ESTADO DAS RODOVIAS É DE CALAMIDADE
Autor: Martha Beck e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 24/08/2005, Economia, p. 27

Déficit de investimento é de R$8 bilhões e 72% da malha têm problemas

BRASÍLIA. O setor de transportes vive uma calamidade, com 31% da malha rodoviária em situação ruim e 41%, regular. O diagnóstico foi feito ontem pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio de Oliveira Passos, durante reunião da Frente de Defesa da Infra-Estrutura Nacional. Segundo ele, o setor precisa de investimentos constantes, mas hoje há um déficit de R$8 bilhões.

¿ Há hoje um estado de quase calamidade. Precisamos de um patamar de investimentos mais alto ¿ disse Passos.

Ele lembrou que 80% da malha rodoviária do país têm mais de dez anos e destacou que há uma distorção na matriz de transporte brasileira, já que as ferrovias representam 24% da malha viária, as hidrovias, 14%, e as rodovias, 62% ¿ quando o ideal seria que não passassem de 40%:

¿ Hoje, quando se fala em apagão logístico, talvez seja um termo forte. Mas não é razoável que o setor venha acumulando sucessivas ineficiências, e quem as paga é toda a sociedade.

Responsável por liberar os recursos para obras, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, reconheceu que os investimentos em infra-estrutura ainda são incipientes, mas apresentou um quadro mais otimista:

¿ O Ministério da Fazenda considera que os investimentos em infra-estrutura são algo estratégico para o país.

Levy também afirmou que o Brasil está melhorando a qualidade dos gastos públicos, com o esforço em reduzir despesas correntes para investir mais. Ele lembrou que o projeto-piloto do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ¿ pelo qual o governo pode utilizar parte do superávit primário para investir em infra-estrutura ¿ é um passo nessa direção:

¿ Está havendo uma revolução silenciosa nessa área.

Governo só usou 30% dos recursos do projeto-piloto

O secretário do Tesouro informou que o governo só utilizou 30% dos recursos previstos no projeto-piloto para este ano. Até agora, foram gastos R$800 milhões:

¿ Vamos usar todo o dinheiro do projeto-piloto. O que não puder ser usado este ano, vai ser carregado para 2006. Isso porque o tempo de execução das obras varia muito, o que afeta o cronograma.