Título: Buratti faz acusação também a prefeitos tucanos
Autor: Evandro Spinelli
Fonte: O Globo, 20/08/2005, O País, p. 12

Segundo ele, prefeituras de Sertãozinho, Matão e Monte Alto recebiam mesadas para manter contratos de lixo

RIBEIRÃO PRETO. Além de Ribeirão Preto, outras três prefeituras da região faziam parte do suposto esquema de pagamento mensal de propina para a manutenção de contratos de limpeza pública com a Leão Ambiental, segundo o depoimento do advogado Rogério Buratti, que dirigiu a empresa. Buratti relatou aos promotores que as licitações de coleta de lixo das prefeituras de Sertãozinho, Matão e Monte Alto foram fraudadas e que os prefeitos recebiam propinas mensais que variavam de 5% a 15% do valor do faturamento. Nas três cidades, há políticos do PSDB envolvidos.

Em Sertãozinho, esquema teria começado com PPS

Em Sertãozinho, o esquema teria começado com a prefeita Neli Tonielo (PPS), que administrou de 1997 a 2000, e continuado na gestão do atual prefeito, Zezinho Gimenes (PSDB), que assumiu em 2001 e se reelegeu no ano passado. De acordo com Buratti, no caso de Sertãozinho, o pagamento era de 15% do faturamento mensal dos serviços de limpeza público.

Gimenes negou as acusações. Confirmou apenas que recebeu doações do grupo Leão Leão para sua campanha e que tudo está registrado em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral. Neli não foi localizada.

Em Matão, o pagamento teria sido feito durante a gestão de Jayme Gimenez, eleito em 2000 pelo PMDB e filiado ao PSDB em 2002. A entrega do dinheiro, no valor de 15% do faturamento, seria feita pessoalmente ao prefeito por um gerente da Leão Ambiental na cidade. Gimenez não foi localizado para falar sobre o assunto.

Em Monte Alto, beneficiário seria tucano

Em Monte Alto, o beneficiário seria o então prefeito Donizete Sartor (PSDB), que supostamente recebia todos os meses o dinheiro de um gerente da empresa. Não foi informado qual o percentual.

Buratti disse ainda que chegou a negociar o pagamento de propinas nas prefeituras de Araraquara e Bebedouro. Na ocasião, os dois prefeitos eram petistas, respectivamente Edinho Silva e Davi Peres Aguiar.

No caso de Bebedouro, não houve acerto. Em Araraquara, os repasses só não teriam sido efetuados, segundo Buratti, porque a prefeitura atrasou os pagamentos à empreiteira. Todas essas prefeituras são investigadas no inquérito que apura uma suposta quadrilha organizada para fraudes em licitações.

Prefeituras envolvidas seriam 16, disse

O número de prefeituras envolvidas no esquema pode chegar a 16, segundo ele, incluindo São Paulo, Ribeirão Preto, Franca e as mineiras Belo Horizonte e Três Corações