Título: Para oposição, denúncias não atingem economia
Autor:
Fonte: O Globo, 20/08/2005, O País, p. 13

Líderes do PSDB e do PFL pedem cautela: 'É preciso que tenhamos todos extrema responsabilidade', afirma Aécio

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. A oposição reagiu com cautela às denúncias contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas alguns, como o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), declararam que as acusações atingem o ministro, "que é descartável", e não a economia. Já o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), alertou para a necessidade de cuidado com a onda de denuncismo.

- Para uma acusação ser levada em conta, ela precisa se basear em evidências. É necessário que haja investigação e provas. Independentemente de nossas posições político-partidárias, é preciso que tenhamos todos extrema responsabilidade - disse Aécio.

Pefelista lembra pedido de delação premiada

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), ponderou que o ministro não pode ser considerado culpado pelas acusações de um ex-assessor. E lembrou que o advogado Rogério Buratti - assessor de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto - tenta negociar a delação premiada:

- Vamos esperar as explicações. Não nos cabe fazer julgamentos precipitados sobre o que foi dito pelo ex-assessor.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também preferiu aguardar as explicações de Palocci antes de assinar o requerimento para convocá-lo para a CPI dos Bingos.

- Palocci é a âncora de dignidade deste governo na comunidade internacional e no empresariado brasileiro. É preciso cautela, mas também não poderemos passar a mão na cabeça de ninguém.

Virgílio conversou com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, que integrou o governo tucano, e com o ex-presidente Fernando Henrique. Os tucanos consideraram a nota divulgada por Palocci insuficiente.

- Ele demorou demais para dar explicações. Além disso, deveria ter sido mais enfático. Se as denúncias forem comprovadas, estaremos perto do fim do mundo. O ministro não pode ter seu nome ligado a este tipo de coisa - disse Virgílio.

Para senador, estabilidade econômica não é desculpa

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o ministro deve esclarecer os fatos e não ser poupado em nome da estabilidade econômica:

- Não podemos blindar a economia e poupar quem quer que seja. O que contamina a economia é a corrupção e não seu combate e investigação.

O líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), observou que é preciso analisar a defesa do ministro porque a importância do cargo e a condução que faz da economia merecem tal cuidado. Mas disse que a relação entre Buratti e Palocci continuou depois da prefeitura:

- A quebra do sigilo mostrou troca de telefonemas na madrugada. Mas quem sabe se ele deve ou não sair do cargo são ele e o presidente Lula.