Título: Presidente do fundo Real Grandeza pede demissão
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 20/08/2005, O País, p. 16

Além de Gomes, outros oito dirigentes foram punidos

BRASÍLIA. As denúncias de corrupção e de ingerência política nos fundos de pensão provocaram ontem mais uma baixa. Desta vez, caiu o presidente do Real Grandeza (fundo de pensão dos funcionários de Furnas), Marcos Antônio Carvalho Gomes, ligado ao ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno.

Punido pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC) com a suspensão temporária do cargo por 180 dias, mais multa de R$20 mil por prejuízos à entidade em aplicações no Banco Santos, Gomes pediu demissão.

Na carta entregue ontem ao Conselho Deliberativo da entidade, ele alegou que se sentia desmotivado para permanecer. Caberá agora à patrocinadora indicar outro nome para para a vaga.

No processo concluído pela secretaria na semana passada, além de Gomes, foram punidos outros oito dirigentes do fundo de pensão. As penas variaram entre multa de R$20 mil, cobradas de todos eles, suspensão temporária e inabilitação para cargo em entidade de previdência complementar, sociedades seguradoras, instituições financeiras e no serviço público, durante dez anos. Os autuados, no entanto, poderão recorrer ao Conselho de Gestão da própria secretaria até o fim deste mês.

Dirigentes descumpriram normas do Banco Central

Entre os punidos estão também o diretor de investimentos, Jorge Luiz de Freitas, o ex-diretor financeiro Ronaldo Schimidt e o ex-gerente de Análise de Investimentos Benito Siciliano, que foram punidos com inabilitação por dez anos. Já o diretor de Administração e Finanças, José Dias da Silva, foi punido com suspensão temporária do cargo por 180 dias e Fernando Martins, diretor de Administração, apenas com a multa.

O Real foi o fundo que mais perdeu dinheiro com a falência do Banco Santos. Foram R$151,2 milhões, de um total de R$550 milhões que o sistema de previdência complementar viu desaparecer. Segundo a secretaria, os dirigentes descumpriram normas do Banco Central e regras internas para os investimentos que previam aplicação em CDB (Certificado de Depósito Bancário ) do Santos num prazo de 90 dias. Os recursos foram aplicados por 900 dias.

A secretaria também suspeita da existência de irregularidades semelhantes nas aplicações do Real Grandeza no Banco Rural (R$154,4 milhões) e no BMG (R$213,2 milhões), em dezembro de 2004. O processo de investigação ainda está em andamento.