Título: EMPRESAS IRRITAM MEMBROS DA CPI DOS CORREIOS
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 25/08/2005, O País, p. 16

Parlamentares reclamam de BB, Correios e operadoras de telefonia por demora na resposta

BRASÍLIA. A falta de precisão nas informações, a demora na remessa dos dados e a dificuldade de analisá-los deixaram ontem integrantes da CPI dos Correios irritados com a direção do Banco do Brasil (BB), dos Correios e das operadoras de telefonia que ainda não entregaram os extratos referentes à quebra do sigilo telefônico dos investigados. Responsável pela análise de movimentações financeiras, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator da CPI, reclamou ontem de dados que vieram incorretos do BB.

Segundo ele, no resultado do pedido sobre a quebra de sigilo dos deputados José Dirceu (PT-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ) e do ex-presidente do PT José Genoino surgiram depósitos identificados como tendo sido feitos por empresas privadas que poderiam ser prestadoras de serviço para o governo.

¿ Por precaução, pedi ao Banco do Brasil para esclarecer essas informações e hoje pediram desculpas e disseram que a base de dados está inconsistente. Quero ressaltar a ineficiência do sistema no Brasil e dizer que, se ao final da CPI, não tivermos dados completos serei o primeiro a não assinar o relatório ¿ protestou Fruet.

Informações dos Correios chegam incompletas

A comissão esteve também na terça-feira na sede dos Correios e entregou uma nova remessa de pedidos de informações sobre contratos que já haviam sido feitos, mas chegaram incompletos. Além disso, os parlamentares pretendiam ontem remeter a Agência Nacional de Telecomunicações e ao Banco Central ofício dando prazo até sexta-feira para que todos os outros bancos e operadoras de telefonia que ainda não terminaram de entregar informações à CPI o fizessem.

Na conta do ex-ministro José Dirceu no Banco do Brasil, por exemplo, aparecem depósitos identificados como feitos pela Agroservice Empreiteira Agrícola Ltda (R$2.507,02), Associação dos Magistrados do DF e Territórios (R$5.094,03), Comissaria Aérea Brasília (R$5.094,03), Associação de Obras Sociais Irmã Dulce (R$3.197,86), Coral Serviços de Refeições Industriais (R$2.895,79) que chamaram atenção dos parlamentares.

Ontem, a assessoria de Dirceu entregou uma declaração do departamento de pessoal da Câmara que lista créditos feitos na conta do ex-ministro ¿referentes aos pagamentos dos subsídios deferidos aos senhores deputados federais¿ com o valor exatamente igual aos encontrados e atribuídos a empresas privadas.