Título: PF PODE TER ELO DA CORRUPÇÃO NAS ESTATAIS
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 25/08/2005, O País, p. 9

Documentos encontrados com genro de Jefferson devem ajudar investigação

BRASÍLIA. Documentos e cartões de visitas apreendidos pela Polícia Federal em poder de Marcus Vinícius de Vasconcelos Ferreira, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), abriram frentes de investigação do escândalo de corrupção nas estatais. Entre os cartões apreendidos havia o de uma offshore no Uruguai. A polícia encontrou ainda relações de projetos da Eletronuclear, desde a área de engenharia até compras de produtos de informática. Também foi encontrada com ele uma relação de contratos de serviços da Marte Engenharia. Marcus Vinícius era assessor do diretor de gestão da Eletronuclear, o petebista Luiz Rondon.

Parte da documentação foi entregue à CPI dos Correios. A PF investiga a relação de Marcus Vinícius com a Incorporation of Offshore Companies, com sede no Uruguai. No cartão consta o nome de Sérgio Polak. Também foi encontrado um cartão da casa de câmbio BKR, de Petrópolis, base eleitoral de Jefferson.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-chefe de departamento dos Correios Maurício Marinho afirmou que Marcus Vinícius era os ¿olhos e ouvidos¿ de Jefferson nas estatais. Essa versão foi confirmada pelo empresário Marcos Valério em seu depoimento à CPI do Mensalão. Valério disse que o tesoureiro informal do partido, Emerson Palmieri, lhe contou que estava sendo pressionado por Jefferson para que ele buscasse dinheiro no Instituto de Resseguros do Brasil com o genro Marcus Vinícius, conhecido como Nescau. Os cargos de Jefferson no governo Lula controlavam um orçamento de mais de R$4 bilhões por ano.

Entre os cartões apreendidos estão os de diretores, assessores e chefes de departamento de órgãos como a Eletrobrás, a Eletros (o fundo de previdência da Eletrobrás), a Cobra Tecnologia, subsidiária do Banco do Brasil, a diretoria dos Correios no Rio de Janeiro e a assessoria parlamentar do Ministério do Turismo.

Outra parte dos documentos mostra que Marcus Vinícius acompanhava de perto a relação de projetos da área de informática da Eletronuclear. Em depoimento ontem na CPI dos Correios, ele negou que tivesse participação em qualquer esquema de corrupção.