Título: BRIGA POR PODER NO PT FAZ NOVAS VÍTIMAS
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 26/08/2005, O País, p. 12

Tarso agora dá prazo até domingo para decidir se fica ou se sai da chapa

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A crise política fez novas vítimas no PT. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), o ex-líder do partido na Câmara Paulo Rocha (PA) e o ex-líder do governo na Câmara Professor Luizinho (SP) foram afastados da coordenação do Campo Majoritário. A decisão foi adotada numa reunião, na noite de anteontem, na casa do deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), da qual participaram 40 deputados da ala moderada. No encontro foram feitas duras críticas à conduta do presidente do PT, Tarso Genro, por suas críticas à política econômica e por ter afirmado que não tinha argumentos para convencer os eleitores a votarem no PT.

A nova coordenação do Campo Majoritário, formada pelos deputados Zezéu Ribeiro (BA), Paulo Pimenta (RS), Carlos Abicalil (MT), Nilson Mourão (AC) e Reginaldo Lopes (MG), recebeu a tarefa de procurar Tarso para enquadrar seu discurso ao pensamento médio da tendência. Eles não concordam com o ultimato, dado por Tarso, a José Dirceu para que ele saia da chapa do Campo Majoritário que disputará as eleições internas de 18 de setembro.

- É voz corrente entre nós que não podemos entregar Dirceu às feras - disse o deputado Odair Cunha (PT-MG).

- Os deputados do Campo Majoritário apóiam a candidatura do Tarso, mas consideram inadmissíveis suas declarações recentes - afirmou o deputado Carlos Abicalil.

Tarso informou ontem à coordenação política do Campo Majoritário que decidirá até domingo se vai disputar ou não o Processo de Eleição Direta (PED). Tarso continua impondo a saída de Dirceu da chapa do Campo Majoritário como condição para continuar na disputa pela presidência nacional do partido. Os bombeiros do PT estão em campo e o cenário está indefinido. Mas ontem, Tarso deu mais um sinal de que deve sair da disputa. Ele avisou à coordenação do PED que não participará dos debates deste fim de semana em Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre, sua cidade natal e base política. As opções mais comentadas para substituí-lo eram as do secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini, e o secretário-geral da presidência, Luiz Dulci.

- Conversei hoje com o doutor Tarso e ele me disse que até domingo terá uma decisão - disse Francisco Rocha, coordenador político do Campo Majoritário.

Para alguns dirigentes, a permanência de Tarso ficou insustentável não só por causa do ultimato dado por Tarso a Dirceu, mas também devido às críticas do presidente do PT à política econômica do governo.

COLABORARAM: Adriano Ceolin, do Globo Online, e Isabel Braga)