Título: TELEFONE FAZ INFLAÇÃO SUBIR PARA 0,28%
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 26/08/2005, Economia, p. 26

Mas projeções de analistas já estão dentro da meta de 5,1% para este ano

O reajuste da telefonia em julho continuou a pressionar a inflação em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), uma prévia da taxa que orienta o sistema de metas de inflação do governo, ficou em 0,28% em agosto, bem superior aos 0,11% de julho. Só a telefonia respondeu por 42% da taxa deste mês, conforme divulgou ontem o IBGE. No ano, o índice acumula alta de 3,91% e, nos últimos 12 meses, de 6,30%.

Mesmo com a taxa bem acima da previsão dos analistas, que projetavam uma variação média dos preços de 0,18%, algumas expectativas para a inflação no ano alcançaram a meta de 5,1%:

- Se não houver reajuste da gasolina, a inflação fecha 2005 em 5,1% - acredita o economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, Carlos Thadeu Freitas Filho.

Gasolina e álcool ajudaram inflação a subir

Ao mesmo resultado chegou Marco Antonio Franklin, sócio da Plenus Gestora de Recursos: o IPCA chega em dezembro acumulando uma alta de 5,1%, que é a meta perseguida pelo Banco Central. Para ele, essas contas também só mudam se a Petrobras autorizar um reajuste para gasolina este ano. Aí, num cenário de 10% de alta do combustível na refinaria, para o consumidor sobraria uma elevação de 5% a 7%. O que faria o IPCA no ano fechar entre 5,3% e 5,4%.

Mesmo sem o reajuste da Petrobras, a gasolina ajudou a elevar a inflação em agosto. Houve alta de 1,14% no preço do combustível por causa do aumento de 4,22% do álcool. A origem dos aumentos, por sua vez, foi a valorização da cana-de-açúcar.

O reajuste do salário-mínimo também pressionou. O custo com empregados domésticos subiu 1,86% este mês. Na outra mão, os alimentos ajudaram a segurar a inflação. Os preços em média caíram 0,67%, assim como a energia elétrica (queda de 0,65%).

Mesmo com a alta em relação a julho, os núcleos no IPCA-15 de agosto desaceleram. A média dos diferentes tipos de cálculo, que retiram do índice as oscilações mais fortes, caiu de 0,40% para 0,33%. O que indica uma inflação anual de 4%, já abaixo da meta de 4,5% estipulada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para 2006:

- A inflação está com uma cara muito boa. Sinal que já passou da hora de afrouxar a política monetária - afirma Franklin.

O índice de difusão, que mede o percentual de itens em alta, ficou estável em 53,7%, parcela igual ao do mês anterior.

IPCA deste mês pode ficar próximo a zero

Pela coleta feita pela Plenus no Rio e em São Paulo, os preços dos alimentos devem permanecer em queda no próximo mês, diz Franklin.

- As coletas mostram queda forte tanto na comparação com os preços do fim de julho quanto na média. Por isso, a taxa fechada de agosto deve ficar próxima a zero - acredita Franklin.

Mas Freitas Filho já mudou suas expectativas para o mês depois do resultado divulgado ontem. Ele também previa taxa de agosto próxima a zero e, agora, elevou suas projeções para 0,10%. Mesmo assim, bem inferior ao índice de 0,69% registrado em agosto de 2004.

inclui quadro: a evolução dos preços