Título: Sem pressão da sociedade, pode haver um acordão, diz deputado
Autor: Aguinaldo Novo, Isabel Braga e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 27/08/2005, O País, p. 4

Líderes acusam Severino de tumultuar processo de cassação de mensalistas

CAMPOS DO JORDÃO E BRASÍLIA. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) afirmou ontem que é crescente o risco de as investigações no Congresso ¿acabarem num acordão, em pizza¿, diante das evidências de que o governo Lula conseguiu reorganizar sua base e se prepara para iniciar ¿uma operação-abafa¿. Segundo ele, um sinal disso seria a iniciativa da senadora Ideli Salvati (PT-SC) de apresentar requerimento que interfere na votação dos pedidos de cassação de parlamentares acusados de receber o mensalão. O requerimento determina que todos os documentos produzidos pela investigação passem primeiro pela CPI do Mensalão, em vez de serem entregues diretamente na Comissão de Ética da Câmara, o que vai retardar o início do processo.

¿ Se não tivermos muito cuidado, se não houver uma pressão muito forte da opinião pública, uma cobrança imensa da imprensa, pode haver uma pizza que, ao final, será repartida e a conta ficará com o Congresso ¿ afirmou o deputado.

Segundo ele, nos corredores do Congresso se diz que apenas o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) seria cassado.

O deputado do PFL voltou a acusar o governo de dificultar o envio de dados e documentos para avaliação da CPI dos Correios. O alvo da crítica agora é a Secretaria de Previdência Complementar, que não mandou informações sobre a compra de títulos públicos feita nos últimos dois anos pelos fundos de pensão. Para ele, já haveria indícios jurídicos para iniciar um processo de impeachment do presidente Lula. ¿Mas não há ambiente político para isso¿, ressaltou.

Severino consulta CCJ sobre processo contra deputados

Acusado em plenário de querer tumultuar o processo de cassação de deputados suspeitos de terem recebido o mensalão, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), encaminhou ontem uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça(CCJ). Ele quer que a CCJ diga se os processos contra deputados do PTB, já arquivados pelo Conselho de Ética, devem ou não ser submetidos a votação no plenário da Casa.

A consulta faz referência ao processo apresentado pelo PL contra quatro deputados que concorreram às eleições municipais de 2004: Joaquim Francisco (PE), Alex Canziani (RJ), Neuton Lima (SP) e Sandro Matos (RJ). O PL representou contra eles, alegando que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) recebera R$4 milhões do caixa 2 do PT para ajudá-los na campanha. O relator do processo, deputado Nelson Trad (PMDB-MS), entendeu que não havia indícios para cassá-los e o conselho aprovou o parecer pelo arquivamento.