Título: AOS 72 DIAS, CPI BEM AQUÉM DAS ANTERIORES
Autor:
Fonte: O Globo, 27/08/2005, O País, p. 4

Comissão do PC Farias concluiu trabalhos em 87 dias

BRASÍLIA. A CPI dos Correios, a primeira das três instaladas no Congresso para investigar as denúncias que mergulharam o governo na crise, está bem aquém do ritmo de outras comissões parlamentares de inquérito rumorosas da História recente do país. Ontem, a CPI aberta para desvendar a corrupção nos Correios completou 72 dias. Em 1992, com esse tempo a CPI do PC Farias, que resultou no impeachment de Fernando Collor de Mello, estava a apenas 15 dias de encerrar seus trabalhos e já tinha mapeado praticamente todo o esquema.

¿Em 70 dias, CPI examinou mais de 40 mil cheques¿, dizia o título de uma reportagem publicada pelo GLOBO em agosto de 1992. A informação se contrapõe a um dos principais problemas da CPI dos Correios, que funciona em plena era eletrônica e ainda briga para obter a quebra dos sigilos bancário e telefônico dos principais investigados. A partir da análise das quebras de sigilo, a CPI do PC Farias já tinha identificado, rastreado e comparado as movimentações financeiras dos envolvidos.

Tinha chegado, por exemplo, ao ¿fantasma¿ José Carlos Bonfim e descoberto que ele havia pago o Fiat Elba de Collor, num dos episódios que se tornaram definitivos para o desenrolar da crise. Naquela época, a CPI já tinha as provas que seriam mais tarde usadas para afastar Collor da presidência. Os mesmos indícios foram levados ao Supremo Tribunal Federal, mas o ex-presidente acabou sendo absolvido na Corte.

Guardadas as diferenças entre os dois escândalos, a CPI do PC já estava aprontando até o sub-relatório dos trabalhos. Até ontem, a CPI atual não tinha sequer conseguido enviar o relatório preliminar com informações sobre os 18 deputados que teriam ligação com o valerioduto.

Em 1993, passados 72 dias desde sua instalação, a CPI do Orçamento, que resultou em seis cassações e quatro renúncias de deputados, também estava bem mais adiantada em relação à dos Correios. A investigação foi concluída em 93 dias.