Título: Delfim sai em defesa de Lula: `Ele não está morto¿
Autor: Aguinaldo Novo e Flávio Freire
Fonte: O Globo, 27/08/2005, O País, p. 10
Já Bornhausen comemora: `A gente vai se ver livre desta raça (PT e Lula) por pelo menos 30 anos¿
CAMPOS DO JORDÃO E SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será candidato à reeleição em 2006 se for capaz de superar a crise política e retomar a liderança do governo, disse ontem o deputado Delfim Netto (PP-SP) em almoço com cerca de 700 executivos do mercado financeiro, reunidos pela Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F) em Campos do Jordão. Para ele, ¿Lula não está morto¿:
¿ De minha parte, prefiro manter distância dessa idéia de que o Lula está morto.
Para Delfim, as denúncias de corrupção têm de ser apuradas e não podem interferir na condução do governo.
¿ Lula tem de reassumir a liderança.
Ele não vê razões concretas para se iniciar um processo de impeachment do presidente.
¿ Não votaria de jeito algum pelo impeachment ¿ disse, acrescentando que ¿o PT é o pior inimigo hoje do governo¿.
Já o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), usou de ironia para dizer que está encantado com a atual crise política que envolve o governo do presidente Lula, já que, desta forma, o petista não vencerá as eleições do ano que vem e o país ficará livre ¿desta raça¿ (referindo-se a Lula e aos petistas).
¿ Não estou desencantado. Estou é encantado porque a gente vai se ver livre desta raça, por, pelo menos, 30 anos ¿ disse Bornhausen, após evento sobre reforma eleitoral na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
¿Lula não tem a menor possibilidade de ser eleito¿
Segundo Bornhausen, já está mais do que claro que o presidente da República está fugindo de dar explicações à nação sobre a crise.
¿ Lula não é habituado a trabalhar e, agora, com a crise, não quer mais nada com trabalho ¿ acusou.
Bornhausen disse que, apesar de Lula não gostar de trabalhar, vem fazendo discursos pela reeleição desde o primeiro dia de governo:
¿ Lula não teve tempo de trabalhar, mas fez discursos sobre a reeleição desde o primeiro dia. Num balanço sobre os 750 primeiros dias do governo Lula, consta que o presidente fez 600 pronunciamentos. Mas, graças a Deus, ficaremos livres dele (Lula), porque ele não chega nem ao segundo turno das eleições. Ele não tem a menor possibilidade de ser eleito e nem de passar para o segundo turno.
Bornhausen acha que Lula é um ¿candidato morto¿ e não deveria insistir na reeleição.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, rebateu o presidente do PFL.
¿ Ele fez uma fala raivosa e traduz seu desejo político. O seu partido, o PFL, está longe de ser modelo de ética. Ele representa as oligarquias que sempre dominaram o Brasil.
O presidente nacional do PT, Tarso Genro, criticou Bornhausen por sua declaração contra Lula.
¿ O pronunciamento do senador Bornhausen é a síntese do pensamento que a direita tem e representa o que há de mais atrasado no país.