Título: Vereador da CPI do Lixo é morto em Belford Roxo
Autor:
Fonte: O Globo, 27/08/2005, Rio, p. 16

Vítima investigava desvio de verba para aterro sanitário

O vereador de Belford Roxo Albertino Martins Guedes (PSC), de 52 anos, foi assassinado com três tiros na manhã de ontem, no centro daquele município. Ele fazia parte de uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada há três meses para investigar a aplicação de verba federal de R$1,8 milhão, em 2003 e 2004, em um aterro sanitário que nunca ficou pronto. Ontem, os vereadores Marquinhos Gandra (PDT) e Denis Macedo (PNN), que também integram a CPI do Lixo, passaram a receber proteção de policiais do 39º BPM.

Irregularidades apontadas em relatório do Ibama

Os gastos irregulares foram noticiados pelo GLOBO em junho passado. Na ocasião, o Ibama determinara o cancelamento dos convênios com prefeituras e estava pedindo a devolução de R$26 milhões. O órgão havia recebido R$51 milhões da Petrobras, há cinco anos. A verba era referente a uma multa que a empresa pagara por causa do vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara.

Parte da verba foi usada em convênios com prefeituras do entorno da Baía de Guanabara. Um relatório do Ibama, de abril deste ano, apontava irregularidades encontradas nos convênios, como projetos não concluídos, falta de prestação de contas e de licenças ambientais. Um exemplo era o projeto de aterro sanitário de Belford Roxo, que não saiu do papel.

Segundo o subsecretário estadual de planejamento operacional da Secretaria de Segurança, delegado Paulo Souto, a polícia trabalha com hipótese de que o crime teve motivação política. O assassinato aconteceu por volta das 9h20m, a dois quilômetros de distância do 39º BPM (Belford Roxo) e de duas delegacia, a 54ª DP (Belford Roxo) e a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

O vereador havia acabado de descer de um Fiat Uno quando, na porta de uma marmoraria localizada na Avenida Joaquim da Costa Lima, foi chamado por dois homens que estavam em uma picape. Ao se aproximar do veículo, Albertino foi baleado. Logo após o crime, o veículo arrancou em alta velocidade.

Segundo o delegado Rômulo Vieira, da DHBF, que investiga o caso em conjunto com o delegado Átila Lafere, da 54ª DP, o político vinha recebendo ameaças há três meses.