Título: DELFIM NETTO CRITICA PROJETO DA LDO
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 27/08/2005, Economia, p. 27

Para deputado, texto ameaça o esforço para reduzir peso da dívida pública

CAMPOS DE JORDÃO (SP). Em palestra a executivos do mercado financeiro, o deputado Delfim Netto (PP-SP) fez ontem duras críticas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que foi aprovado no Congresso. Segundo ele, o texto final ficou pior do que o negociado inicialmente com a área econômica do governo e coloca em risco o esforço para diminuir o peso da dívida pública.

¿ Tinha uma grande esperança de aprovar o primeiro texto da LDO, mas ele foi destruído pelo próprio PT. O PT hoje é o maior inimigo do governo ¿ afirmou ele durante sua palestra no 2º Congresso Internacional de Derivativos e Mercado Financeiro, organizado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

Déficit nominal zero seria alcançado em 2010, diz ele

Base para redação do Orçamento de 2006, a LDO acabou incluindo o chamado ¿superávit anticíclico¿, pelo qual o superávit primário (receitas menos despesas, sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida) poderá ser reduzido na hipótese de crescimento da economia abaixo do esperado. Na última hora, o governo ainda conseguiu incluir um dispositivo para que essa redução só aconteça se a dívida pública estiver caindo na proporção dos últimos dois anos.

¿ Este era o ano do equilíbrio, era o momento do ajuste. E vamos pagar caro com o processo que está aí ¿ atacou ele.

Delfim foi o defensor de proposta para a redução a zero do déficit nominal do governo (que inclui também as despesas com o pagamento dos juros da dívida). Para tanto, ele colocava como premissa a elevação da atual meta de superávit primário (fixada em 4,25% do PIB para 2006 e 2007) para 6%. A redução total do déficit, pelas contas do deputado, seria alcançada até 2010.

¿ Ninguém acredita hoje no governo. Mas a simples percepção de que o déficit iria cair levaria à redução também dos juros. E isso não aconteceria através da intervenção do governo, mas porque os senhores voltariam a comprar papéis de longo prazo, sem surpresas ou desarranjos ¿ afirmou ele, se dirigindo à platéia.