Título: BANCOS REVISAM PREVISÕES PARA A BALANÇA COMERCIAL
Autor: Eliane Oliveira/Ênio Vieira
Fonte: O Globo, 28/08/2005, Economia, p. 29

Governo espera que setor exportador quebre recorde

BRASÍLIA. A conjunção positiva no cenário externo ajudou o Brasil a manter o fôlego nas exportações este ano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o valor exportado este ano pelo Brasil será de cerca de US$112 bilhões, mais um recorde histórico apesar da valorização do real frente ao dólar. O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, dá uma explicação:

- O mercado internacional tem sido extremamente generoso nos três últimos anos.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, concorda:

- Tudo isso fez com que as instituições revissem suas estimativas para a balança comercial.

- O mercado internacional é a única opção no momento, mesmo com o dólar caindo. As exportações estão se avolumando porque vendemos petróleo e alguns manufaturados, que são o diferencial, como veículos e autopeças, e eletroeletrônicos, especialmente telefones celulares - afirma o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Primo Roberto Segatto.

Ele destaca que, ao mesmo tempo, as importações têm sido fundamentais na fabricação desses manufaturados. As compras externas estão mais baratas, por causa da queda do dólar frente ao real. Segatto cita como exemplo aviões, em que 85% dos componentes são importados, e telefones celulares, cuja parcela de itens adquiridos no exterior também está em torno de 80% a 85%.

Associação já espera superávit de US$42 bi

Para o vice-presidente da AEB, além das exportações, o setor de agronegócios - onde as vendas externas também são essenciais - continua puxando a economia. Castro acrescenta que, não fossem esses dois itens, o crescimento do PIB ficaria entre 1,5% e 2%. A estimativa da AEB para 2005 é uma variação de 3,5% do PIB. A associação, aliás, aumentou sua estimativa de superávit comercial de US$26,560 bilhões para US$42,1 bilhões.

Thiago Davino, consultor da Global Invest, disse que a instituição aguarda o resultado da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC para refazer sua projeção de superávit comercial, atualmente em US$37,8 bilhões. Também espera a divulgação do PIB, pelo IBGE, esta semana. A estimativa da Global Invest ainda é um PIB 3,1% maior. Já Estevão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda acredita que a taxa de crescimento das importações deverá ser maior do que a das exportações.

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