Título: FUNDOS CONCENTRADOS DRIBLAM O FRACO DESEMPENHO DA BOLSA DE VALORES
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 29/08/2005, Economia, p. 16

Produtos que investem em ações de Petrobras e Vale rendem até 32% no ano

Os saques registrados nos fundos de ações - reflexo da pequena alta de 3,42% da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no acumulado do ano até a última sexta-feira - passaram ao largo de um seleto grupo de fundos de investimento. Estes fundos também têm na renda variável seu principal ativo, mas, para atrair aplicadores, fugiram da receita tradicional, que reza pela cartilha do Ibovespa (índice que reúne as 55 ações mais negociadas da Bolsa). São fundos que fizeram uma gestão seletiva, investindo em ações da Petrobras, da Companhia Vale do Rio Doce ou mesmo de empresas do setor de energia. Com isso, enquanto os fundos de ações perderam em média R$193 milhões no ano, esses produtos "concentrados" conseguiram captar cerca de R$50 milhões, com ganhos que chegam a superar 30% no período.

É o caso do Caixa FI Ações Vale do Rio Doce, da Caixa Econômica Federal, que aplica 98% em ações da empresa e 2% em títulos públicos. O fundo atraiu R$49,1 milhões em novas aplicações este ano.

- O reajuste de mais de 70% no valor do minério e a queda nos preços da Vale no mercado atraíram investidores. Como compraram a ação a um preço mais baixo, esperam uma forte alta nos próximos meses - diz Antônio Delmar do Nascimento, gerente nacional de renda variável da instituição.

Oportunidade para quem não investiu com o FGTS

No ano, o fundo rende 8,06%, atrás dos 32,70% do Caixa FI Ações Petrobras, que captou R$13 milhões no período. No Banco do Brasil (BB), o movimento foi parecido. O BB Ações Vale captou R$30 milhões nos últimos cinco meses, com ganhos de 6,01% no ano. Já o BB Ações Petrobras - que investe 80% em ações da empresa - atraiu R$13 milhões em novos investimentos e rendeu 32,07% no acumulado de 2005:

- São empresas de primeira linha, com sólidos resultados e risco considerado bem mais baixo que a média do mercado. Além disso, muitos investidores que perderam a oferta do FGTS-Vale e Petrobras costumam procurar estes fundos, que têm ganhos próximos da aplicação com o FGTS (compare as rentabilidades no quadro acima) - afirma Fábio Euzébio, gerente-executivo de varejo do BB.

Devido ao sucesso desse produto, Bradesco e Santander lançam, nos próximos meses, fundos similares no mercado. Outro fundo que também driblou as perdas da Bolsa foi o ABN Amro Ações Energia, que investe apenas em ações do setor: rende 26,49% no ano, até o dia 24 deste mês, ante 2,57% da Bolsa no mesmo período.

FGTS-Petrobras: em cinco anos, ganhos de 393,8%

Lançado há três anos e meio, o fundo FGTS-Vale acumula uma alta de 303,4%

Os fundos de privatização da Petrobras foram lançados há exatos cinco anos e, no período, renderam 393,8%, de acordo com dados do site Fortuna. Vendido há menos tempo - três anos e meio - o FGTS-Vale também trouxe bons resultados para os cotistas: acumulou uma rentabilidade de 303,4%.

Ambos foram, de longe, a aplicação voltada para pequenos investidores mais rentável do mercado, conseguindo driblar mesmo a aplicação em juros. O CDI, referência para esse tipo de aplicação, teve retorno de 136,6% desde o lançamento do FGTS-Petrobras e de 83,29% desde a criação do FGTS-Vale. No ano, os dois fundos mostram fôlego: o FGTS-Petrobras sobe 33,11% e o FGTS-Vale, 6,10%.

- As ações estão entre as melhores opções da Bolsa. O petróleo em alta elevou a atratividade dos papéis da Petrobras e a demanda por minério de ferro e elevados reajustes de preços garantem o bom desempenho da Vale - diz Gil Deschatre, consultor de investimentos da Fator Corretora.

Marcos Paulo Pereira, analista sênior de investimentos da HSBC Corretora avalia que, com a entrada em operação de novas plataformas em 2006 e a esperada auto-suficiência, a Petrobras se consolidará como uma das estrelas da Bolsa. (P.E.)

VEJA O QUE HÁ NO MERCADO

Para quem quer fugir da fórmula dos fundos de ações tradicionais, há diversas opções no mercado, com investimento mínimo a partir de R$100 e taxa de administração a partir de 1,5% ao ano. Mas lembre-se: como toda aplicação em Bolsa, tem riscos e a expectativa de retorno é sempre a longo prazo. Confira abaixo as opções:

BB AÇÕES PETROBRAS: Aplicação mínima é de R$200 e taxa de administração de 2% ao ano.

BB AÇÕES VALE: Investimento mínimo de R$200 e taxa de administração de 2% ao ano.

BB AÇÕES EMBRAER: É preciso aplicar a partir de R$200 e pagar uma taxa de administração de 2% ao ano.

CAIXA FI AÇÕES PETROBRAS: Exige aplicação mínima de R$100 e cobra uma taxa de administração de 1,5% ao ano.

CAIXA FI AÇÕES VALE DO RIO DOCE: Investimento mínimo de R$100 e taxa de administração de 2% ao ano.

ABN AMRO AÇÕES ENERGIA: Aplicação mínima é de R$2 mil e taxa de 2% ao ano.

Legenda da foto: DESCHATRE: ALTA do petróleo elevou a atratividade das ações da Petrobras