Título: ESQUERDA DEVE IR PARA O ENFRENTAMENTO
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 30/08/2005, O País, p. 4

Renúncia de Tarso dificulta acordo entre radicais e moderados

BRASÍLIA. Para os integrantes do Bloco Parlamentar de Esquerda do PT, ficou mais difícil um acordo interno com a renúncia de Tarso Genro à presidência do partido. O deputado Ivan Valente (PT-SP) disse que os candidatos de esquerda têm agora que ir para o enfrentamento com os moderados:

¿ Vamos ter de radicalizar ainda mais.

Apesar de ser integrante da Ação Popular Socialista, que tem como candidato Plínio de Arruda Sampaio, Valente identificava em Tarso uma possibilidade de mudança na condução dos rumos do partido, sobretudo alterações nas práticas adotadas nos últimos anos pelo grupo do deputado José Dirceu (PT-SP).

¿ Vai ficar tudo na mesma. Desse jeito não dá ¿ disse o deputado, que já estuda uma mudança de partido. ¿ Vamos esperar até a eleição, mas está difícil.

Antes de desistir, Tarso chegou a promover reuniões com as bancadas no Congresso, com o bloco de esquerda e intelectuais de diversas correntes. Passou a ser minado depois que pediu punições severas aos integrantes do PT envolvidos no esquema de Marcos Valério. Ele também deu um ultimato para Dirceu abandonar a chapa do Campo Majoritário, mas o ex-ministro da Casa Civil bateu o pé, alegando que Tarso poderia ter feito a proposta sem levá-la a público.

Alguns petistas mais moderados acham a mudança de candidato positiva, pois afirmam que Tarso não estava participando dos debates com os outros candidatos e sim dando prioridade a um diálogo com a opinião pública, em detrimento dos militantes.

¿ Tarso pode falar para a opinião pública, mas não deve deixar de lado a militância ¿ comentou o deputado Paulo Delgado (PT-MG).