Título: EX-CHEFE DOS CORREIOS DEVE SER EXONERADO
Autor: Maria Lima/Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 30/08/2005, O País, p. 9

Demissão, porém, só acontecerá quando acabar licença médica

BRASÍLIA. Maurício Marinho, o ex-chefe do departamento de compras dos Correios flagrado recebendo propina de R$3 mil, está prestes a ser exonerado. O afastamento está entre as providências sugeridas no relatório final da sindicância aberta pelos Correios para investigá-lo. Mas, ao menos por enquanto, Marinho está protegido. Ontem, ele conseguiu renovar mais uma vez sua licença médica, o que, por lei, deixa-o temporariamente livre de ser exonerado.

Marinho está licenciado desde 12 de maio, três dias antes de vir a público a cena de corrupção. Desde então, ele vem conseguindo a prorrogação do afastamento. A nova licença, obtida ontem de manhã, tem validade até 26 de outubro.

A sindicância durou 90 dias e foi concluída no dia 15. Nas últimas semanas, o relatório está com o Departamento Jurídico dos Correios, incumbido de preparar a exoneração. Por ser funcionário efetivo, Marinho não poderia ser demitido sumariamente. Ao longo do processo, o ex-chefe dos Correios teve oportunidade de apresentar defesa, mas não convenceu.

Um dos advogados de Marinho, Sebastião Coelho, disse ontem que vai recorrer à Justiça para impedir a demissão. O advogado acusa a diretoria dos Correios de agir arbitrariamente. E diz que os atuais diretores da estatal não têm legitimidade para demiti-lo.

- A atual diretoria é toda suspeita e não tem a mínima isenção para decidir nesse processo - disse Coelho.

CGU analisa fraudes em contratos milionários

Em outra frente de investigação sobre fraudes nos Correios, a Controladoria Geral da União (CGU) informou ontem que os esquemas de corrupção na estatal poderiam ter dado um prejuízo de até R$127 milhões. Esse valor corresponde a 79 contratos e licitações já analisados por técnicos da CGU. Somados, os valores dos contratos sob suspeita chegam a R$6 bilhões.

Agora, a CGU analisa mais um pacote de contratos, que eleva essa cifra para R$8 bilhões e pode aumentar ainda mais o prejuízo potencial. Quase sempre, a CGU observou superfaturamento dos valores, favorecimento a algumas empresas e lentidão nos processos de licitação. Esse é o terceiro bloco de contratos auditados pela CGU. Desde as primeiras denúncias, o órgão selecionou 217 contratos para auditar, de um universo de 600.