Título: OS ESTRAGOS DO KATRINA
Autor:
Fonte: O Globo, 30/08/2005, O Mundo, p. 24

Furacão deixa rastro de destruição e é considerado o mais caro da História do país

Três estados do Sul dos Estados Unidos foram ontem duramente castigados pelo furacão Katrina, que obrigou um milhão de pessoas a sair de suas casas e deixou centenas de milhares sem energia elétrica. Com ventos de aproximadamente 216 quilômetros por hora - que causaram desabamentos - e tempestades que provocaram grandes inundações, Katrina pôs em pânico habitantes da chamada Costa do Golfo em Louisiana, Mississippi e Alabama. Mas ao longo do dia perdeu força e não causou mortes, como temiam autoridades.

Segundo empresas de seguro, este deverá ser o furacão mais caro da História dos EUA, com um custo estimado em mais de US$26 bilhões.

Uma das maiores preocupações das autoridades americanas eram os danos à histórica Nova Orleans. A grande maioria de seus 500 mil moradores já havia deixado a cidade - que fica abaixo do nível do mar - antes de o Katrina chegar. Mas temia-se que as bucólicas casas em estilo francês fossem engolidas pelas águas. Katrina desviou-se, porém, do curso previsto por meteorologistas e não atingiu diretamente a cidade do jazz. Por outro lado, mostrou sua força nos estados vizinhos de Mississippi e, em menor intensidade, Alabama.

O furacão que alcançara o Golfo do México na categoria cinco (a mais perigosa) chegou ontem ao nível um, o mais fraco. Durante o dia, a velocidade de seus ventos - que já atingira 282 quilômetros por hora - diminuiu para 153 quilômetros por hora. Ainda assim, foram grandes os estragos em Nova Orleans. Mais de 20 prédios da cidade foram considerados sob ameaça de desabamento.

- Fomos informados de que prédios estão ruindo. A cidade está sitiada pelo Katrina - declarou o prefeito Ray Nagin.

Temor de que água esteja contaminada

Três idosos morreram quando eram removidos para um abrigo em Nova Orleans. Cerca de dez mil pessoas que se abrigavam no Superdome ficaram apavoradas quando pequenas partes do teto do estádio de futebol americano desabaram. A governadora Kathleen Blanco procurou tranqüilizá-los, afirmando que não havia risco à segurança. Mas a falta de energia elétrica e alagamentos agravaram a situação dos refugiados. Outros dois dos dez abrigos que haviam sido disponibilizados na cidade ficaram sem condições de funcionamento, devido a inundações. Além disso, autoridades disseram que temiam uma contaminação da água.

O presidente George W. Bush declarou Louisiana e Mississippi áreas de catástrofe, o que permitirá a liberação de recursos federais para socorrer os dois estados.

- Nossa Costa do Golfo está sendo fortemente atingida - disse Bush. - Quero que os companheiros lá da Costa do Golfo saibam que o governo federal está preparado para ajudá-los quando a tempestade passar.

O presidente fez um apelo aos refugiados para que só voltem para suas casas quando autoridades permitirem. Alguns especialistas disseram que o furacão poderia recobrar sua força.

Em várias áreas do sul, os ventos do Katrina arrancaram árvores, derrubaram sinais de trânsito e quebraram janelas, enquanto carros afundavam em suas águas. Em grandes cidades, moradores disseram ter observado verdadeiras cachoeiras pelas janelas de seus apartamentos. No sudeste de Louisiana, cerca de 150 pessoas ficaram ilhadas sobre telhados de casas, para escapar de inundações em que a água atingiu até três metros de altura. Na costa do Mississippi, o furacão atingiu cidades turísticas como Biloxi e Gulfport. Em Mobile, Alabama, cerca de 200 mil pessoas ficaram sem energia elétrica.

Mas os maiores danos causados pelo furacão até ontem eram ainda na Flórida, por onde ele passou quinta-feira. Naquele estado, sete pessoas morreram. Trezentas mil casas de Miami continuavam ontem sem energia elétrica e os prejuízos eram calculados em quase US$2 bilhões.

A passagem de Katrina causou prejuízos a hotéis e cassinos do Sul dos EUA, bem como a empresas aéreas. No Rio, a United Airlines informou que os vôos de ontem e hoje de manhã para Nova Orleans foram cancelados. A partir de hoje à tarde, estariam normalizados. Já a American Airlines cancelou todos os seus vôos de hoje.

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