Título: ECONOMISTAS CRITICAM A POLÍTICA MONETÁRIA
Autor: Regina Alvarez/Martha Beck
Fonte: O Globo, 30/08/2005, Economia, p. 21

'Há algo de intrinsecamente errado na forma como ela é feita no país', diz Pérsio Arida

SÃO PAULO. O elevado endividamento público e a politica monetária excessivamente restritiva fazem do crescimento da economia a taxas mais expressivas um grande desafio. Os economistas Pérsio Arida (ex-presidente do Banco Central), Delfim Netto e João Sayad (ex-ministros do Planejamento) e Adroaldo Moura da Silva (ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) debateram ontem as soluções possíveis para esse desafio, durante seminário realizado pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

Independentemente da fórmula a ser seguida, porém, os economistas concordam que a rota do crescimento sustentável passa pela queda dos juros.

- Há algo de intrinsecamente errado na forma como a política monetária é feita no país - afirmou Arida, defendendo a redução das incertezas jurídicas e a maior conversibilidade da moeda brasileira como forma de reduzir os juros.

Já Sayad simplesmente classificou de errada a decisão de elevar o juro básico (Selic) para 19,75% ao ano, e desafiou:

- Os juros poderiam estar mais baixos com os mesmo efeitos sobre os preços.

Delfim Netto argumentou que se deve buscar um mecanismo para convencer a sociedade de que o déficit público vai terminar e que a relação dívida/PIB vai cair. E criticou os economistas que vêem restrições ao crescimento do país.

- A idéia de que só podemos crescer 3,5% é um axioma construído a partir de uma ficção.

Para Moura da Silva, o elevado endividamento tirou a capacidade de investimento do Estado, o que é fatal para o crescimento sustentado.