Título: BRAÇO POPULAR DO BB TEVE PREJUÍZO DE R$21 MILHÕES NO 1º SEMESTRE
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 30/08/2005, Economia, p. 20

Perda ficou abaixo do previsto, mas banco só deve ser lucrativo em 2008

BRASÍLIA. O Banco Popular do Brasil - braço do Banco do Brasil (BB) para oferecer crédito a clientes de baixa renda - voltou a registrar prejuízo no primeiro semestre deste ano, segundo balanço publicado ontem, de R$21,9 milhões. No balanço consolidado de 2004, a perda foi de R$25,5 milhões. Segundo o novo plano de negócios, a ser concluído pela diretoria do BB em 20 dias, somente a partir de 2008 o Banco Popular conseguirá equilibrar suas contas. A previsão anterior era a partir de 2006.

Dentro dessa nova proposta, o banco pretende reduzir à metade a estimativa de prejuízo de R$112 milhões este ano. Em contrapartida, levará mais tempo para começar a dar lucro. Pelo plano elaborado na gestão de Ivan Guimarães - afastado devido a denúncias de irregularidades - a instituição já teria resultados positivos a partir de 2006.

Gastos com publicidade sofreram corte drástico

Mas, para isso, o banco lançou metas irrealistas de abertura de contas, tendo inclusive usado o cadastro da rede de lojas Marabraz para abrir 270 mil contas sem que os clientes soubessem, em novembro do ano passado. O assunto é alvo de uma auditoria no BPB, que deve acabar no mês que vem.

Segundo a direção atual, as contas irregulares foram canceladas. Do 1,584 milhão de contas registradas no fim do primeiro semestre, resta hoje 1,385 milhão. O número de pontos de atendimento (correspondentes bancários) também caiu, de 5.484 para 4.760.

Outra auditoria no BPB investiga a contratação, sem licitação, de três consultores pela gestão anterior, com salários acima do mercado (R$35 mil mensais, mais bônus por cumprimento de meta, no mínimo de R$540 mil e no máximo de R$820 mil anuais). Um deles, Boanerges Ramos Freire, é concunhado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Os outros são James Rubio e Joaquim Xavier da Silveira.

O prejuízo do primeiro semestre, porém, ficou abaixo da projeção inicial, de R$61,4 milhões. Para isso, o BPB cortou os gastos com publicidade, alvo de denúncias da oposição no Congresso. Em 2004, a despesa do BPB com propaganda chegou a R$23,9 milhões, para um volume de empréstimos de R$19,3 milhões a clientes de baixa renda.

O banco tinha um contrato com a DNA, de Marcos Valério de Souza, suspenso em meio aos escândalos. Hoje, quem atende o BPB é a Ogilvy e, em vez dos R$16 milhões previstos para publicidade, foram gastos apenas R$3 milhões, disse o presidente demissionário do banco, Geraldo Magela. Ele entregou seu cargo no início deste mês, mas seu substituto ainda não foi nomeado.