Título: Paulo Bernardo: 'O PT tem baixa credibilidade'
Autor: Ênio Vieira e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 31/08/2005, O País, p. 8

Ministro do Planejamento ironiza críticas de Berzoini e diz que política econômica é um dos pilares do governo

BRASÍLIA. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu ontem as críticas à política econômica feitas por Ricardo Berzoini, candidato do Campo Majoritário à presidência do PT. Para ele, a política econômica mantém alta credibilidade e quem está com baixa credibilidade é próprio PT. O ministro ironizou os comentários de Berzoini dizendo que a mudança da política econômica transformaria o candidato do PT em 2006 em oposição ao governo Lula.

- Sou membro da chapa de Berzoini, mas discordo da posição dele em relação a isso. A política econômica tem alta credibilidade e é um dos pilares do governo. O PT está em baixa credibilidade. É um erro a crítica - disse Bernardo.

O ministro respondeu ainda às críticas de que o governo está parado, principalmente em relação a gastos e investimentos. Berzoini dissera que é muito lenta a liberação de recursos do Orçamento. Bernardo justificou que os governos andam em um ritmo mais lento do que a sociedade, mas que o nível de liberação de recursos está adequado. Ele, porém, reconheceu que pode estar havendo uma lentidão maior na execução de projetos e obras.

- A crise política é devastadora, mas as instituições e a economia estão em plena vitalidade - afirmou Paulo Bernardo, no lançamento de livro "Brasil: o estado de uma nação", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento.

O presidente do PT, Tarso Genro, evitou críticas à política econômica, ponderou sobre a importância da estabilidade do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas reconheceu que a executiva do PT quer mesmo mudar os rumos na economia.

- A política econômica tem que ser respeitada na sua especificidade. Estabilidade macroeconômica é muito importante. A estabilidade política e o referencial de Palocci também são muito importantes, mas a executiva do PT tem a visão de que o governo deve começar a preparar uma transição para um modelo que permita mais desenvolvimento social - disse Tarso, ao sair ontem do Palácio do Planalto.

O governo rebate o discurso de mudanças com números. É grande o otimismo com o resultados da economia, acima do esperado no primeiro semestre de 2005, ainda mais num período de crise política. O presidente do Ipea, Glauco Arbix, disse ontem que a instituição poderá elevar a sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2005. Os técnicos do Ipea previram um crescimento de 2,8% do PIB este ano, mas como os números da indústria estão acima do esperado, o Ipea pode mudar sua previsão. O número final será anunciado em setembro. A previsão oficial do Banco Central é de crescimento de 3,4% este ano.