Título: CIRO: CONVICÇÃO SOBRE DIRCEU 'NÃO É PUBLICÁVEL'
Autor: Gerson Camarotti/Adriano Ceolin
Fonte: O Globo, 01/09/2005, O País, p. 9

BRASÍLIA. Causaram mal-estar as declarações do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que evitou emitir sua opinião sobre eventual participação do deputado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) no suposto esquema do mensalão por não ser ela "publicável". Foi preciso uma conversa telefônica entre os dois para esclarecer o episódio.

Indagado por jornalistas no Congresso sobre as denúncias de corrupção, Ciro voltou a defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quando lhe perguntaram se Dirceu era inocente ou se deveria ser punido, disse:

- Só quem está com as ferramentas da apuração pode indicar. Ele se proclama inocente. Eu tenho a minha convicção, mas ela não é publicável. Seria um julgamento impertinente se eu dissesse uma coisa ou outra das posições possíveis nesse assunto.

Alertado pela mulher, Maria Rita, Dirceu ligou para Ciro, que retornou a ligação.

- O Ciro me disse que não tinha falado isso. Ele me pediu para eu ler a outra versão que já estava na internet. Mas eu não vou comentar porque não li a matéria - afirmou Dirceu.

Segundo relato dos dois, Ciro disse que em momento algum afirmou que sua opinião sobre o ex-ministro era impublicável. Ao GLOBO, Ciro afirmou que não comentara sobre alguém especificamente.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou que as audiências com as testemunhas de defesa do processo de Dirceu foram marcadas para 13 e 23 de setembro. Izar negou se tratar de uma medida protelatória.

Os ex-ministros e deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE) e o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, deveriam ter sido ouvidos esta semana, mas alegaram problemas de agenda. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, será questionado por carta. (Colaborou Adriano Ceolin, do Globo Online)