Título: SEM A VENDA DE SUBSIDIÁRIA, VARIG FICA SEM CAIXA
Autor: Érica Ribeiro
Fonte: O Globo, 31/08/2005, Economia, p. 28

Grupo receberia hoje os US$48 milhões do comprador da VarigLog

O presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, disse ontem que, sem os US$48 milhões da primeira parcela da venda da subsidiária VarigLog para o fundo de investimentos americano Matlin Patterson, será preciso contar com a boa vontade dos credores e funcionários para que a empresa possa chegar até o fim do ano. O pagamento seria feito hoje.

A venda da VarigLog foi travada por decisão da juíza Giselle Bodim Ribeiro, da 19ª Vara do Trabalho do Rio, que determinou na segunda-feira o arresto de todos os bens e das marcas VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção (VEM), com base em ação impetrada pelos sindicatos dos trabalhadores do setor aéreo. O dinheiro, segundo a direção da Varig, seria usado para pagamento de salários e para acertar dívidas com empresas de leasing.

- Vamos ter de explicar à Justiça dos EUA que a primeira parcela não será paga. A Varig precisa de US$100 milhões para atravessar seis meses, enquanto se desenvolve o processo de recuperação judical. Sem dinheiro, o jeito vai ser contar com a boa vontade dos credores, dos funcionários. Vamos perguntar aos sindicatos como explicar tudo isso - disse Carneiro da Cunha.

Empresa quer de volta o crédito do Banco do Brasil

Segundo ele, o Departamento Jurídico da Varig está tentando derrubar a liminar que impede a venda da VarigLog. De acordo com o advogado Marcelo Carpenter, do escritório Sérgio Bermudes, a empresa precisa demonstrar à Justiça que a venda da VarigLog, que não está em recuperação judicial, está ligada ao processo por ser um importante ativo da companhia:

- Acreditamos que se a juíza entender dessa forma, a liminar cai. Mas não é possível ainda determinar em quanto tempo isso pode acontecer.

Ontem, uma reunião na 8ª Vara Empresarial do Rio reuniu representantes do Banco do Brasil, do fundo de pensão Aerus e da BNDESPar, que discutiram os problemas da companhia. Segundo o administrador judicial João Vianna, do escritório Cysneiros Vianna, que esteve na reunião, o objetivo foi tentar sensibilizar o BB a voltar a dar crédito à Varig.

- Foi discutida a criação de um fundo administrado pelo BNDESPar, com recebíveis da Varig e ações da VarigLog, e a possibilidade de aporte do Aerus de até US$40 milhões como alternativa. Os juízes que acompanham o processo pediram que os advogados da Varig entreguem um esboço do plano de recuperação para avaliar a viabilidade da criação do fundo - disse Vianna.