Título: LUCRO DA CAIXA FOI RECORDE: R$937 MILHÕES
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 31/08/2005, Economia, p. 29

Expansão do crédito ajudou resultado do primeiro semestre, mas desempenho ficou abaixo de BB, Bradesco e Itaú

BRASÍLIA. A Caixa Econômica Federal teve um lucro de R$937,112 milhões no primeiro semestre deste ano - um resultado 50,23% maior do que os R$623,745 milhões registrados em igual período de 2004. Foram fundamentais para o resultado recorde, segundo o vice-presidente de Controladoria da instituição, João Dornelles, a expansão do crédito, que permitiu um ganho adicional de R$743,3 milhões, e as tarifas.

Na comparação com outros bancos, porém, o lucro da Caixa é modesto: praticamente a metade do valor registrado pelo Banco do Brasil (BB), de R$1,98 bilhão, e bem abaixo dos resultados obtidos por Bradesco e Itaú, de R$2,62 bilhões e R$2,47 bilhões, respectivamente.

Para Dornelles, o desempenho da Caixa ficou atrás dos maiores bancos do país, porque a instituição tem um patrimônio líquido (PL) considerado baixo. Além disso, explicou, a maior parte da carteira de crédito é composta por operações de longo prazo e pouca rentabilidade, como empréstimos habitacionais e de saneamento básico, que rendem 15,16% ao ano. O PL da Caixa, de R$6,7 bilhões, representa menos da metade dos R$15,4 bilhões do BB.

- A diferença daria um lucro de R$600 milhões, se aplicássemos em títulos públicos com taxa semestral de 9% ao ano - disse Dornelles.

Na contramão de outros bancos, que vêm cortando despesas com pessoal e administrativas, a Caixa elevou esses gastos, segundo Dornelles, por causa da ampliação do número de agências. Além disso, funcionários terceirizados estão sendo substituídos por contratados. Serão seis mil até o fim de 2007.

A Caixa também disse que estuda uma manobra contábil para deslanchar as contratações com empresas estaduais de saneamento. Este ano, a instituição não liberou um centavo dos R$2,7 bilhões que o FGTS destinou ao segmento, porque encostou no limite do Banco Central para empréstimos ao setor público: 45% do patrimônio.

A idéia é converter as dívidas de vencimento superior a dez anos com o FGTS em dívida subordinada (o credor perde prioridade no recebimento). A medida permitiria à Caixa contratar pelo menos R$1 bilhão até dezembro.