Título: ANALISTAS PREVÊEM ALTA DO PIB DE ATÉ 3,6% NO ANO
Autor: Cássia Almeida/Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 01/09/2005, Economia, p. 23

Bancos e consultorias apostam em queda dos juros, vigor dos investimentos e alta maior no consumo

RIO e SÃO PAULO. Com o resultado acima do esperado do PIB no primeiro semestre, bancos e consultorias já começam a revisar suas projeções para o crescimento da economia brasileira este ano. A MB Associados alterou sua estimativa de 2,8% para 3,3%, apostando na recuperação da atividade industrial. A Global Invest, que antes previa 3,2%, agora projeta 3,5%, graças a uma melhora no cenário para os investimentos. O Unibanco elevou de 3% para 3,3% sua previsão e o banco europeu WestLB espera agora uma alta de 3,6%, contra 3% antes.

Além da melhora nos investimentos e do bom desempenho da indústria - que surpreendeu os analistas, diante de um cenário de juros altos e câmbio desfavorável para as exportações - os economistas apostam numa recuperação mais forte do consumo das famílias.

Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou que a confiança do consumidor atingiu em agosto o nível mais baixo em três anos, desde que teve início sua pesquisa mensal sobre o tema. O economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, lembra porém que no segundo semestre os gastos da família receberão o impulso do reajuste do salário-mínimo, que começou a ser pago em junho:

- Além do crédito, que vem sustentando o consumo, há um fato novo, que é o salário-mínimo.

Giovanna Rocco, do Unibanco, acrescenta que a melhora no mercado de trabalho e a expectativa de uma redução dos juros devem ajudar a sustentar a demanda doméstica nos próximos meses. A consultoria Tendências, que prevê uma taxa de juro básico de 18% no fim do ano (hoje está em 19,75%), admite que poderá revisar para cima sua projeção do PIB, atualmente em 3,2%. A MB Associados vê espaço para um corte maior nos juros, que chegariam assim a 17,75% no fim do ano.

Júlio de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), aposta num PIB entre 3% e 3,5% em 2005 e lembra que será um desempenho aquém ao de outros países emergentes:

- Mas virá num ano de crise política e de maior juro real do mundo - afirma.

LULA DIZ QUE CRESCIMENTO 'FOI JÓIA' E QUER 'RODAR O PAÍS' PARA DIVULGÁ-LO, na página 24