Título: Lula diz que expansão 'foi jóia' e quer 'rodar o país' para divulgá-la
Autor: Eliane Oliveira/Regina Alvarez/Ênio Vieira/Geralda
Fonte: O Globo, 01/09/2005, Economia, p. 24

Em meio à crise política, governo usará dados para mostrar que não está parado

BRASÍLIA e RIO. O governo comemorou o desempenho da economia e pretende usar os dados como munição para, em meio à crise política, mostrar que o Executivo não está parado. Ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chamado ao Palácio do Planalto após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços do país) o presidente Lula afirmou que é preciso "rodar o país" para mostrar os resultados da política econômica. Os dados do IBGE reforçaram ainda a avaliação no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios de que a expansão do PIB vai superar os 4% este ano - ficando muito próxima dos 4,9% de 2004.

- O presidente ficou feliz da vida. Disse que estamos sendo bombardeados, mas temos resultados consolidados e positivos que estão aí para serem apresentados à sociedade. Vamos rodar o país para fazer isso - disse Marinho.

De acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o presidente Lula estava mesmo entusiasmado e disse que o crescimento da economia "foi jóia, bacana". A equipe econômica e o Palácio já esperavam aceleração do crescimento, mas o número trimestral de 1,4% ficou acima dos cenários discutidos no início de agosto em reunião ministerial, quando se esperava algo em torno de 1%. A expectativa era que diante da aceleração no segundo trimestre - e a que está por vir no segundo semestre - a economia pudesse crescer até 4,2%.

O ministro disse também que o governo poderá revisar sua projeção de crescimento para o ano, que está em 3,4%. A próxima revisão dos parâmetros do Orçamento vai acontecer em 23 de setembro, quando o governo divulgará um novo relatório bimestral de evolução das receitas e despesas de 2005 e a projeção do PIB.

Furlan quer custos menores para setores de exportação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por sua vez disse que a projeção do banco para o PIB será apresentada no relatório de inflação de setembro.

- Os dados do PIB confirmam o ritmo sólido da economia brasileira - disse.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, confirmou que tudo está apontando para alta superior a 4% no ano. Ele citou como aspectos positivos o reajuste do salário-mínimo, a continuidade da criação de empregos e a perspectiva da queda de juros em setembro. Furlan disse que proporá ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci - que ontem não falou sobre PIB - a redução do custo financeiro dos exportadores. As taxas de intermediação das operações, chegam a 3% do total dos custos.

Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, considerou os números auspiciosos. E no Rio, ao avaliar os números do PIB do semestre, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que o resultado carimba um crescimento superior a 3% este ano.

- Se havia dúvidas, o último dado mostra que a expansão continua, assim como a geração de empregos - disse.

COLABORARAM: Enio Vieira, Regina Alvarez e Vagner Ricardo

Legenda da foto: O PRESIDENTE Lula se entusiasmou com o desempenho do PIB no segundo trimestre: "Foi jóia, bacana