Título: INDONÉSIA TENTA PROTEGER SUA ECONOMIA
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Fonte: O Globo, 01/09/2005, Economia, p. 26

Moeda local já caiu 12% no ano por causa de subsídios aos combustíveis

JACARTA. O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, disse ontem, na tentativa de evitar uma crise econômica e acalmar os mercados, que só vai reajustar os preços dos combustíveis depois que a população mais pobre estiver protegida. A economia da Indonésia está sofrendo um forte abalo com a alta recorde do petróleo, devido aos generosos subsídios do governo aos combustíveis.

Apesar de importar muito petróleo, a Indonésia mantém os preços internos artificialmente baixos. O governo tem de trocar rúpias por dólares para pagar essas importações, levando à desvalorização da moeda local. Esta semana o barril do petróleo chegou a US$70, enquanto o país tem a gasolina mais barata da Ásia: US$0,20 por litro. Este ano, estão previstos 101 trilhões de rúpias (US$9,8 bilhões) em subsídios.

BC elevou juros para conter desvalorização da rúpia

Na terça-feira, o Banco da Indonésia (o BC do país) elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano, para atrair mais investidores estrangeiros e conter a queda da rúpia. Antes de o BC agir, a moeda caiu 9% e chegou a ser negociada a 11.750 rúpias por dólar, o que fez os investidores ficarem mais cautelosos e segurarem aplicações. Ontem, era cotada a 10.200. No ano, a desvalorização é de 12%.

Yudhoyono afirmou que os subsídios vão consumir um quinto do Orçamento do país. Ele disse, porém, que eles não serão eliminados e que haverá uma compensação aos mais pobres antes de reajustar os combustíveis, o que deve acontecer em setembro ou outubro:

- Vamos nos certificar de que os pobres tenham o dinheiro antes de elevarmos os combustíveis. Permaneceremos fortes e confiantes de que resolveremos esse problema.

Os analistas, porém, esperavam medidas mais enérgicas.

- É decepcionante. Chamem de subsídio ou esquema especial, de qualquer modo quem vai pagar é o governo - disse Lloyd Ong, analista do banco BNP Paribas.

Yudhoyono descartou qualquer semelhança com a crise asiática de 1997-1998, que derrubou os mercados globais:

- Peço calma. A atual situação econômica é diferente daquela de 1998.