Título: CLIMA DE UNIÃO ENTRE ESTADO E GOVERNO FEDERAL
Autor:
Fonte: O Globo, 31/08/2005, Especial, p. 1

Dez mil integrantes da Força Nacional poderão atuar no Pan

Os secretários nacional e estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa e Marcelo Itagiba, demonstraram ontem estar em sintonia na busca de soluções para o problema da violência no Rio. Dentro desse espírito de cooperação, 600 policiais que fazem parte da Força Nacional de Segurança já foram treinados no estado este ano. Até o final de 2006, dez mil policiais e bombeiros serão treinados em todo o país. Segundo o secretário Luiz Fernando Corrêa, todos estarão disponíveis para trabalhar durante os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio. Caberá ao governo estadual decidir quantos homens atuarão na cidade.

- Não vamos tomar nenhuma medida pirotécnica. Vamos fazer um processo com seu devido tempo de maturação. Não vamos dizer ao Rio de Janeiro o que deve fazer. Ele pede o apoio. O conceito é de colaboração - explicou Corrêa, durante o primeiro painel do seminário "Revitalização do Rio", que foi mediado pelo jornalista do GLOBO Jorge Antônio Barros.

Hoje, a Força Nacional de Segurança conta com 2.740 policiais e até o final do ano 4.500 homens estarão prontos. Na sexta-feira, um grupo começa um treinamento voltado para o policiamento comunitário. No mesmo dia, policiais apresentarão ao Ministério da Justiça um trabalho que visa à modernização da Polícia Civil. Uma das medidas previstas é a inclusão das delegacias distritais no policiamento comunitário. Esse tipo de policiamento teve sua importância destacada pelo secretário nacional.

- A repressão tem o seu papel, mas isoladamente não vai resolver o problema. A capacidade de repressão chegou a seu limite. Precisamos complementar com políticas públicas visando à prevenção, com participação dos municípios e dos cidadãos - afirmou Corrêa.

'Segurança pública é, sim, enxugar gelo'

O secretário Marcelo Itagiba concorda com Corrêa. Ele lembrou a importância de a sociedade atuar na prevenção da violência:

- A atividade de segurança pública é, sim, enxugar gelo, porque a sociedade produz criminosos todos os dias.

Itagiba destacou que a polícia não gera o crime, só trabalha no combate a ele. Ele apontou várias causas para a violência, como o uso de drogas e a favelização. O secretário disse que, até 2010, o Rio terá 1,3 milhão de pessoas morando em favelas.

Apesar da tarefa comparada a "enxugar gelo", a Polícia Militar do Rio foi elogiada por Corrêa porque estaria dando "a resposta possível diante dos efeitos". Itagiba complementou, informando que o número de homicídios no Estado do Rio diminuiu em 25% nos últimos dez anos. Enquanto isso, o número de prisões e apreensão de armas mais do que dobrou. Em menos de três anos, cerca de 38 mil armas foram apreendidas e 50 mil presos.

Corrêa aproveitou a ocasião para anunciar que, até o final do ano, será liberada para o Rio de Janeiro e outros estados a verba do Fundo Nacional de Segurança Pública que ainda está contingenciada. Do total de R$412 milhões previstos para 2005, só foram liberados até agora 40%. O valor que falta será utilizado em vários projetos de prevenção, inteligência e equipamentos. A quantia que será destinada ao Rio, porém, não foi revelada.

- Esses projetos já foram planejados independentemente da verba e serão executados assim que o dinheiro for liberado. Apesar desse contingenciamento, os equipamentos estão chegando e os treinamentos estão sendo realizados - garantiu Corrêa.