Título: Severino é condecorado por Lula sem aplausos
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 02/09/2005, O País, p. 13

Em meio ao desgaste causado por suas manobras contra a cassação de deputados e pela defesa de penas brandas para os envolvidos no escândalo do mensalão, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), foi condecorado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Ordem do Rio Branco, em cerimônia no Itamaraty. Na véspera, Severino havia contrariado o Planalto ao permitir a derrubada do veto presidencial à proposta de aumento de 15% dos servidores do Legislativo.

Ao receber a condecoração, criada em 1963 em homenagem ao patrono da diplomacia brasileira, Barão do Rio Branco, Severino não foi aplaudido. Na lista de condecorados, estavam ministros, magistrados e personalidades.

Por ser presidente da Câmara, Severino ficou postado à frente dos demais homenageados. Lula pôs a faixa no deputado e o cumprimentou sorrindo. Depois, já na fila de cumprimentos, Severino aproveitou para conversar alguns minutos com Lula. Ele recebeu a Ordem do Rio Branco no seu mais alto grau: de grã-cruz. Ao todo, 140 pessoas foram homenageadas.

Lula e Severino voltaram a se encontrar depois, desta vez no Palácio do Planalto, na cerimônia de apresentação dos projetos de reestruturação do sistema da concorrência e de criação do cadastro positivo. Severino foi o convidado de honra da cerimônia. No palco das autoridades montado no Salão Leste, ficou sentado ao lado de Lula, com os ministros Antonio Palocci (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça).

Planalto ainda discute se vai ao STF para manter veto

Ao encerrar seu discurso, Lula dirigiu-se a Severino:

¿ Quando for votado pela Câmara, vou dar os parabéns ao Severino.

Antes da solenidade no Planalto, Lula conversou em seu gabinete por cerca de 20 minutos com o presidente da Câmara. O Planalto ainda avalia se vai recorrer mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do veto ao reajuste dos servidores. Há o temor de que Lula sofra mais uma derrota, desta vez no Judiciário.