Título: POBREZA E TENSÃO RACIAL
Autor:
Fonte: O Globo, 02/09/2005, O Mundo, p. 28

Desigualdade marca estados onde surgiu Ku Klux Klan

A região dos Estados Unidos que foi afetada pelo furacão Katrina é também uma das mais pobres do país. Além da pobreza, estados como Mississippi, Alabama e Lousiana foram - e, em certo grau, ainda são - palco de forte tensão racial, com a população negra tendo índices educacionais e econômicos muito menores que os dos brancos.

A região foi motivo de disputa entre Espanha, França e Reino Unido durantes dois séculos, até os estados se organizarem e entrarem para os Estados Unidos. Porém, Lousiana, Mississippi e Alabama foram fundadores da Confederação em 1861, uma reunião de estados que decidiram deixar os EUA depois da eleição do presidente Abraham Lincoln. Na Constituição da Confederação, além de introduzir uma descentralização do poder, havia uma forte defesa da escravidão, que, àquela época, já havia sido abolida em boa parte do planeta, inclusive nos EUA (mas não no Brasil).

A grande população negra libertada após a derrota da Confederação na Guerra Civil Americana (1861-1865) chegou a ser maior que o número de brancos nos três estados. Como reação à liberdade dos negros, formou-se a Ku Klux Klan, que num primeiro momento foi formada por veteranos da Guerra Civil. Porém, foi a segunda encarnação da entidade racista, fundada em 1915, que se tornou conhecida por espalhar o terror no sul dos Estados Unidos contra negros e brancos que defendiam seus direitos civis.

As fortes desigualdades herdadas do período da escravidão e da segregação racial que só acabou na década de 60 se refletem nos três estados até hoje. Com economia basicamente agrária, os estados estão também entre os mais pobres do país.

A Lousiana, que tem 32,5% da população negra, tem um Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas geradas) per capita de US$26.312, o 44º do país. Já o Mississippi, com US$23.466 de PIB per capita (e quase 37% da população negra), é o 50º e último do país.