Título: DNA DE ESQUERDA
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 04/09/2005, O País, p. 10

SÃO PAULO. Aos 34 anos, Valter Pomar, terceiro vice-presidente do PT, representa a terceira geração de uma família que faz parte da história da esquerda brasileira desde meados do século passado. Ele é filho de Wladimir Pomar, dirigente do PCdoB nos anos 60 e 70, e neto de Pedro Pomar, mentor da Guerrilha do Araguaia e vítima do massacre da Lapa, em 1975.

O DNA comunista é uma das explicações para a disciplina extremada de Pomar. A subordinação às decisões coletivas do PT, mesmo nos casos em que discordava do partido, garantiu à Articulação de Esquerda, corrente liderada por ele, postos no governo Lula, como a Secretaria Nacional da Pesca, ocupada por José Fritsch. Militante do movimento estudantil, Pomar entrou no PT em 1985 e teve acensão meteórica na hierarquia partidária.

Em 1993, recusou um cargo na direção nacional, então comandada pela esquerda, e articulou o movimento ¿Hora da Verdade¿, que resultou na Articulação de Esquerda. Em 1997, antes de completar 30 anos, chegou à terceira-vice-presidência do PT.

Co-autor de dois livros sobre a dívida externa, é um dos críticos internos da política econômica do governo. Ocupou a Secretaria de Cultura de Campinas, indicado pelo prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado em 2001. No cargo, provocou polêmica ao usar recursos públicos para financiar eventos em homenagem à revolução bolchevique. (R.G.)