Título: PARTIDO DEMITE MOTORISTA DE DELÚBIO
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 03/09/2005, O País, p. 9

Jorgeval atendeu ao ex-tesoureiro quando ele já estava fora do PT

SÃO PAULO. Sobrou para o motorista. Jorgeval, funcionário do PT que prestava serviços a Delúbio Soares mesmo depois de o ex-tesoureiro ter se afastado da direção do partido, foi demitido anteontem. Enquanto isso, Delúbio continua no PT pelo menos até hoje, quando o diretório nacional votará o relatório da comissão de ética que recomenda sua expulsão.

Segundo a assessoria de imprensa do PT, a demissão de Jorgeval faz parte de um lote que inclui outros 21 funcionários do partido em São Paulo e Brasília, no esforço de contenção de gastos da nova direção petista. As demissões foram decididas pela executiva nacional do PT. Segundo o PT, os 22 demitidos fizeram acordos. O partido, no entanto, não informou as condições do acerto e nem sequer o nome completo de Jorgeval.

A diretoria foi surpreendida com a notícia de que Delúbio ainda contava com um motorista pago pelo partido no último dia 16, quando o ex-tesoureiro foi depor à comissão de ética que investigou sua atuação à frente da Secretaria de Finanças do partido. Na ocasião, Delúbio chegou à sede do PT em um Omega preto, blindado, dirigido por Jorgeval. O GLOBO apurou que o carro foi alugado por R$10.900 por mês na locadora Recc. Os donos da empresa têm contratos com a prefeitura de Ribeirão Preto. O Omega - chamado nos círculos políticos de "morcego negro", em alusão ao jatinho usado por Paulo César Farias, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor - foi retirado na locadora por Jorgeval no dia 8 de agosto.

Na CPI do Mensalão, Delúbio disse que a locação foi feita por sua mulher, Monica Valente, dirigente do PT. Na verdade, Monica alugou outro Omega preto, na locadora Totality, carro devolvido antes do depoimento de Delúbio à CPI. Por cinco dias de locação, ela pagou R$4.200.