Título: CICLONE EXTRATROPICAL PROVOCA DESTRUIÇÃO NO SUL
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 03/09/2005, O País, p. 10

Ventania derrubou árvores e 50 postes; uma pessoa morreu e pelo menos 11 ficaram feridas

PORTO ALEGRE. A passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul deixou um morto, pelo menos 11 feridos e mais de 200 árvores e 50 postes caídos em Porto Alegre, provocando grande transtorno no trânsito e afetando o fornecimento de energia elétrica em vários bairros. O trem metropolitano ficou parado durante a manhã e dois caminhões tombaram na BR-101, interrompendo o trânsito. Os ventos chegaram a 113 quilômetros por hora em Rio Grande, no sul do estado.

A morte ocorreu em Montenegro, a cerca de 70 quilômetros da capital, onde o fazendeiro Algemiro Amorim, de 81 anos, caiu do cavalo em um banhado de sua propriedade, próximo ao Rio Caí, enquanto recolhia o gado.

Em Porto Alegre, seis pessoas ficaram feridas por causa da queda de muros e placas de sinalização. Das 200 árvores que caíram, 35 interromperam ruas e avenidas. A queda de outdoors e o risco de desabamento de uma parede em uma das estações também paralisaram até o fim da manhã o trem metropolitano que liga Porto Alegre a Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul e São Leopoldo.

Pouco depois do meio-dia, uma forte rajada de vento arrancou o teto de um ônibus que fazia a linha Porto Alegre-Gravataí, mas não houve feridos. No litoral norte, as rajadas mais fortes chegaram a 100 quilômetros por hora, destelhando dezenas de casas, quebrando os vidros da Câmara de Vereadores de Tramandaí e ferindo pelo menos cinco pessoas.

Em Cidreira, outra praia na mesma região, o desabamento do telhado de uma casa feriu gravemente seu proprietário, Marcelo Pereira da Silva, de 23 anos, levado para Porto Alegre com traumatismo craniano. Telhados de duas escolas, em Capão da Canoa e Xangri-Lá, e de uma creche no Balneário Pinhal, também foram derrubados.

A barra do Porto de Rio Grande, no sul do estado, esteve fechada durante todo o dia, a partir das 7h30m. Ventos de até 113 quilômetros e ondas com cinco metros de altura na entrada da barra, mas que chegaram a nove metros em alto-mar, impediram a saída de dois navios e a atracação de outro, enquanto mais de 200 barcos pesqueiros permaneceram ancorados no chamado Porto Velho.

A Companhia Estadual de Energia Elétrica e a AES Sul informaram problemas com o abastecimento de energia elétrica em diversos municípios. Somente no Sul do estado pelo menos 15 mil consumidores ficaram sem energia. Em Canoas, mais de seis mil pessoas enfrentaram o mesmo problema.

A Defesa Civil do estado também registrou enchentes em São Sebastião do Caí, onde o Rio Caí subiu mais de dez metros em relação a seu nível normal e desabrigou 50 pessoas.

Legenda da foto: MORADOR SOBRE uma árvore caída: há dezenas de desabrigados