Título: SIDERURGIA, TELEFONIA E ENERGIA LIDERAM
Autor: Enio Vieira e Martha Beck
Fonte: O Globo, 05/09/2005, Economia, p. 14

BRASÍLIA. Empresas de siderurgia, energia elétrica e telefonia foram as que adotaram, nos últimos três anos, uma estratégia mais agressiva de redução de suas dívidas em moeda estrangeira. Segundo levantamento da consultoria Economática, o endividamento em outras moedas inclui tanto títulos lançados no exterior quanto operações do mercado local em dólar, sobretudo para exportação.

Foi o caso da Usiminas, que baixou sua dívida de US$1,936 bilhão em dezembro de 2002 para US$1,207 bilhão em junho de 2005. No mesmo período, a Telefônica reduziu sua dívida de US$1,180 bilhão para US$441 milhões. A diferença entre elas é que a siderúrgica exporta e recebe em dólares, o que é uma proteção natural. Já uma operadora de telefonia é mais vulnerável a choques cambiais como o de 2002, por ter apenas receitas em reais.

Antônio Corrêa de Lacerda, economista e conselheiro da Sobeet, disse que as empresas endividadas no exterior têm hoje um cenário internacional muito favorável, com juros baixos e farta oferta de linhas de financiamento. As companhias podem pagar a dívida velha ou renovar empréstimos a juros mais baixos. Segundo Lacerda, esse cenário favorável é cíclico e deverá acabar nos próximos anos.

Após a turbulência de 2002, as empresas decidiram alterar o perfil de sua dívida. A Klabin, por exemplo, tinha 60% do endividamento bruto em moeda estrangeira. Para mudar isso, a fabricante de papel e celulose anunciou no fim de 2002 a emissão de R$1,036 bilhão em títulos no mercado interno. A Klabin mudou o perfil dos débitos para 38% em moeda estrangeira em junho passado, reduzindo sua dívida de US$287 milhões em dezembro de 2002 para US$260 milhões. (Enio Vieira e Martha Beck)