Título: ENCARREGADOS DE APURAR TAMBÉM SÃO DENUNCIADOS
Autor: Dimmi AMORA
Fonte: O Globo, 04/09/2005, Rio, p. 23

Entre 2003 e 2005, duas acusações de tentativa de extorsão

Das cinco CPIs abertas desde 2003, duas deveriam ter uma CPI para investigá-las. Foi o caso da CPI das Financeiras, pedida pelo deputado Alberto Brizola (PTN). Um empresário acusou a ex-deputada e hoje prefeita de Magé Núbia Cozzolino de ter tentado extorquir dinheiro dele e a CPI foi encerrada.

Já a CPI da Loterj/Rioprevidência quase acabou com o mandato de seu presidente, Alessandro Calazans (sem partido). Um dos investigados, o empresário de jogos Carlos Cachoeira, mandou um emissário gravar uma conversa com Calazans na qual eles falam de um acordo prévio para retirar do nome de Cachoeira do relatório. Calazans diz que não era mais possível cumprir o acordo e o nome do empresário foi mantido. Mas, com a divulgação da conversa, houve um pedido para cassar Calazans, rejeitado pelo plenário da Assembléia.

¿ O relator, deputado Luiz Paulo (PSDB), é incorruptível. Mas o presidente aceitou pressão. Não temos nem quadros suficientes para manter sete CPIs em funcionamento. Não quero desgaste para a Casa como na outra legislatura quando a imprensa cansou de noticiar que CPIs na Alerj eram instrumento para achacar empresários ¿ disse o presidente Jorge Picciani.

Cidinha: ¿CPI vai pegar deputados da Casa¿

Segundo Picciani, para compensar a falta de CPIs, ele decidiu dar mais poderes às comissões permanentes da Alerj. Para ele, essas comissões têm feito o trabalho de fiscalizar o Poder Executivo. O deputado Antônio Pedregal (PSC), que pediu seis CPIs entre 2003 e 2005 e não teve nenhuma instalada, disse que acha que o trabalho das comissões tem sido suficiente.

¿ Fizemos uma comissão especial do lixo que está fazendo um belo trabalho ¿ disse o deputado.

Já Cidinha Campos (PDT), veterana em CPIs desde quando era do Congresso Nacional e que está com quatro pedidos engavetados, diz que as comissões permanentes estão longe de ter o poder conferido pela lei às CPIs.

¿ A Alerj conseguiu uma decisão fantástica do Supremo Tribunal Federal (STF) dizendo que ela tem poderes para quebrar o sigilo de um investigado. Isso é fantástico, mas não podemos usar. Uma comissão permanente só pode chamar funcionários públicos para prestar esclarecimentos ¿ lembrou Cidinha.

Segundo a deputada, fatos não faltam para serem investigados no atual governo. Um de seus pedidos é para investigar a máfia dos combustíveis, utilizando documentos já obtidos por ela junto à Polícia Federal e outros órgãos, relativo aos envolvidos na operação Poeira no Asfalto:

¿ Não me deixam abrir porque eles sabem que vai pegar muito deputado.