Título: CRISE E ELEIÇÕES PROVOCAM MAIS UM DESENFREADO TROCA-TROCA DE PARTIDOS
Autor: Gerson Camarotti e Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 05/09/2005, O País, p. 4

Oposição espera receber parlamentares e PT deverá sofrer perdas

BRASÍLIA. Nem o escândalo do mensalão é capaz de mudar os costumes e a conduta dos parlamentares. Vai até 30 de setembro a nova temporada de troca-troca de partido. É nessa data que termina o prazo para quem for disputar as eleições do ano que vem se filiar ou trocar de partido. Nesta legislatura, 161 deputados e 15 senadores já mudaram. Alguns trocaram mais de uma vez, totalizando 261 mudanças.

O desejo de mudança mexeu até com o deputado Delfim Netto (PP-SP), há quase 30 anos no mesmo grupo político. Ele irá para o PMDB. O ex-governador Paulo Maluf está negociando entrar no PTB ao mesmo tempo em que tenta reassumir a presidência do PP em São Paulo.

¿Partido do mensalão¿ morre antes de nascer

Inocêncio Oliveira (PE), após oito meses no PMDB, filiou-se ao PL. O deputado João Alfredo (PT-CE) vai para o PSOL, Virgílio Guimarães (PT-MG) está com um pé no PSB e Sérgio Miranda (PCdoB-MG) recebeu convite do PPS mas conversa com o PDT.

Afetados pela denúncia do mensalão, os partidos que devem perder mais deputados são PL, PP e PTB. Para evitar a sangria, o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (RN), propôs uma fusão entre os três, mas a proposta não avançou. O novo partido foi batizado de ¿partido do mensalão¿.

Já o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), preocupado com o esfacelamento do PT, defende a criação de um novo partido de esquerda que reúna na mesma sigla petistas, PSB e PCdoB. Mas novo partido, agora, só para as eleições municipais de 2008.

Depois de ter emagrecido no governo Lula, o PFL voltará a crescer, em até dez deputados, acredita o líder Rodrigo Maia (RJ). O PFL está sendo procurado por deputados do PP como Ivan Ranzolin (SC). O PSDB também deve voltar a crescer. O líder tucano Alberto Goldman (SP) avalia que os problemas políticos regionais provocarão um fluxo partidário em direção aos grandes partidos.

Os líderes de PP, PL e PTB lutam para segurar suas bancadas. O deputado Ricardo Barros (PP-PR) negocia com o PSDB e o deputado Francisco Turra (PP-RS) com o PFL. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reconhece que haverá perdas e ganhos. Sexta-feira à noite, o PL perdeu sua maior estrela, o vice-presidente José Alencar.