Título: Tarso apoiará Berzoini na eleição interna do PT
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 05/09/2005, O País, p. 8

Presidente da legenda diz que disputa com Dirceu terminou no sábado, depois da reunião do diretório nacional

SÃO PAULO. O presidente do PT, Tarso Genro, disse ontem que vai apoiar o secretário-geral do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), para seu sucessor, nas eleições internas do PT, dia 18. Tarso disse ao GLOBO que a guerra entre ele e o ex-ministro José Dirceu foi encerrada no sábado, depois da reunião do diretório nacional, onde ambos conversaram. Tarso lançou o movimento Refundação Partidária, que quer ocupar o lugar do Campo Majoritário, comandado por Dirceu. Este, por sua vez, disse a Tarso que não assumirá mais cargos de poder no PT. Tarso renunciou à disputa pela presidência do PT depois de perder a guerra interna com Dirceu, pois não aceitava o nome do ex-ministro na chapa.

¿ Eu vou votar no Berzoini. Já me decidi ¿ disse Tarso, o primeiro a assinar o documento de criação do movimento.

¿ A segunda assinatura é de Berzoini ¿ comemora Tarso.

Dirceu não foi convidado para participar, mas dirigentes de seu antigo núcleo, como Humberto Costa (ex-ministro da Saúde), o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o secretário especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia endossaram a proposta de Tarso.

¿ É natural que não tenhamos convidado Dirceu. Embora o movimento não seja excludente, é muito firme em suas críticas à orientação anterior. Parte forte da antiga maioria deve se unir para um processo de transição interna ¿ disse Tarso.

Quanto à guerra interna, que resultou na renúncia de Tarso à campanha para a presidência do PT, é capítulo encerrado, segundo Tarso e interlocutores de Dirceu.

¿ Conversamos no sábado. Eu disse a ele (Dirceu) que, com o lançamento do movimento, eu começava uma nova fase. Quero reconstruir a estratégia. Ele me disse que cuidará só da defesa de seu mandato. E afirmou que, embora permaneça na chapa do Campo Majoritário, não quer mais ficar no comando. Para mim, nossos problemas estão superados ¿ contou Tarso.

Dirceu e João Paulo inviabilizaram acordo

De acordo com ele, isso não significa que, no futuro, ele e Dirceu não voltem a ter embates. Embora vá apoiar Berzoini, Tarso não votará no restante da chapa do Campo Majoritário (o voto não é vinculado), composta por Dirceu e outros três deputados ameaçados de cassação: João Paulo Cunha, Professor Luizinho e José Mentor.

Dirceu e João Paulo inviabilizaram o acordo para sair da chapa. Segundo eles, renunciar à disputa interna comprometeria a defesa de seus mandatos, como uma espécie de confissão de culpa ou punição política. Mas prometeram não assumir cargos de direção partidária.

Nenhum dos petistas acusados de envolvimento nos esquemas de caixa dois e mensalão deverá ser punido pela atual direção do PT. O único processo concluído, de expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, não foi votado no sábado, por decisão liminar da Justiça obtida pelos advogados de Delúbio. O trabalho terá que ser todo refeito, o que levará pelo menos 30 dias, por causa dos prazos legais.

Os trabalhos da comissão de sindicância do partido, que está analisando o suposto envolvimento de parlamentares ameaçados de cassação, seguirão por mais 30 dias. Ao final deste prazo, caso a comissão de sindicância encontre motivos para sugerir que os parlamentares sejam submetidos à Comissão de Ética do PT, a executiva nacional avaliará a questão.

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