Título: Serraglio apresentará relatório sobre Azeredo
Autor: Ilimar Franco e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 06/09/2005, O País, p. 8

CPI enviará ao Senado documento sobre eleições de 1998 em MInas; ex-diretores dos Correios poderão ser indiciados

BRASÍLIA. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem que os trabalhos da comissão não se encerrarão sem que tenha sido votado um relatório sobre o funcionamento do esquema financeiro do empresário Marcos Valério de Souza nas eleições para o governo de Minas em 1998. Serraglio disse que pedirá explicações por escrito aos parlamentares que receberam recursos das agências de Valério, a SMP&B e a DNA, e enviará relato aos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado:

¿ Tudo o que passou pelo esquema de Valério será investigado. Vamos investigar 1998 e o valerioduto. Apresentaremos à CPI um relatório sobre as eleições de 1998 em Minas.

Relator: não há acordo para proteger Azeredo

O relator explicou que a primeira lista para abertura de processo por quebra de decoro teve como critério o pagamento do mensalão. E negou acordo para proteger o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), que usou o esquema de Valério para financiar sua campanha a governador em 1998:

¿ O caso de Azeredo será enviado ao Senado. O modus operandi do valerioduto em 1998 é igual ao de 2002 e 2004. Foram oferecidos contratos públicos em garantia dos empréstimos, fato que escandalizou a todos.

O próximo relatório da CPI dos Correios, que deverá ser apresentado na quinta-feira, poderá propor o indiciamento de ex-diretores, ex-presidentes e funcionários dos Correios, além de empresários. Segundo Serraglio, já é possível também concluir relatório sobre atos de improbidade no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

Serraglio adiantou que a investigação já identificou assinatura de contratos viciados e irregularidades em termos aditivos, especialmente aqueles que tiveram reequilíbrio de preço. Não está descartada a recomendação da demissão de servidores públicos e do pedido de reembolso de recursos públicos que tenham sido desviados:

¿ Diretores que assinaram contratos viciados serão responsabilizados. Dirigentes, funcionários e empresários responderão administrativamente e criminalmente.

De acordo com ele, dos 38 contratos dos Correios auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), cinco ou seis estão com a análise praticamente concluída e deverão ser incluídos no próximo relatório. Esses contratos envolveriam de três a quatro empresas, entre elas a Novadata e a Skymaster ¿ responsável pelo serviço de correio noturno. As maiores irregularidades estão sendo detectadas nos aditivos de contratos, seguidos normalmente por reajuste de 25% em média.