Título: DERROTA AMEAÇA PLANOS DE EX-GOVERNADOR
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 01/11/2004, O País, p. 12

Para analistas, ex-governador deve migrar para um partido de médio porte

RIO e BRASÍLIA. Ao avaliar a situação do presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, analistas políticos chegam a usar jargões futebolísticos e dizem que ele está à beira do rebaixamento para a segunda divisão. Essa é a opinião do cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC/RJ, que, assim como outros especialistas, afirma que, se mantiver os planos de chegar ao Palácio do Planalto em 2006, Garotinho não tem outra alternativa: terá que procurar um partido de médio porte.

Na opinião desses especialistas, com as derrotas do segundo turno em Campos, Niterói e Nova Iguaçu, Garotinho perdeu poder de fogo para convencer o PMDB nacional de que sua candidatura é viável, embora regionalmente ele se mantenha como líder.

¿ Garotinho se encontra numa encruzilhada ¿ diz Cesar Romero. ¿ Não há espaço para ele nos quatro partidos da chamada primeira divisão (PMDB, PT, PSDB e PFL). E nas seis legendas médias, o problema é que ou elas estão alinhadas com o governo Lula ou próximas demais a outros partidos. Sobraria apenas o PDT.

Volta de Garotinho ao PDT é difícil mas não impossível

Garotinho já deu sinais de uma possível volta à legenda trabalhista. Reaproximou-se de Leonel Brizola pouco antes de sua morte, em junho. Em Niterói, apoiou o pedetista João Sampaio no segundo turno. E, em Campos, travou uma batalha feroz com o ex-aliado Arnaldo Vianna, com graves denúncias de corrupção. Por tudo isso, a reconciliação não é impossível, mas muito difícil, como diz o presidente do partido, Carlos Lupi.

¿ Dizer nunca em política é complicado. Mas o relacionamento com Garotinho é muito difícil. A volta dele não é questão simples. Ele foi expulso do partido, numa saída traumática ¿ afirma Lupi.

Para o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), Geraldo Tadeu Monteiro, se o PMDB tivesse hoje que optar por uma candidatura própria, escolheria o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto:

¿ Ele conseguiu emplacar o prefeito de Porto Alegre (José Fogaça, do PPS), tem avaliação favorável e não tem o peso das denúncias contra Garotinho.

Monteiro afirma que o desgaste de Garotinho não se deu apenas pelas derrotas, mas principalmente pela forma como elas aconteceram:

¿ Em Campos, principalmente, ele teve intenso envolvimento pessoal, com um show de irregularidades e uma enorme mobilização. Teve uma derrota desastrosa e perdeu projeção nacional.

Deputado: Garotinho sai menor da eleição

Em Brasília, poucos dirigentes do PMDB comentaram o desempenho de Garotinho e não arriscaram palpites sobre seu futuro político.

¿ Não sou hipócrita de negar que a derrota de Garotinho atrasa o projeto político que ele possa ter. Ele sai desta eleição menor do que entrou. Mas ainda é cedo para afirmar que essa derrota seja definitiva ¿ diz o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).