Título: VALÉRIO DIZ QUE AVISAVA AO PT DOS REPASSES A DUDA
Autor:
Fonte: O Globo, 07/09/2005, O País, p. 9

Comprovantes dos depósitos teriam sido passados a Delúbio

BRASÍLIA. Em novo depoimento à Polícia Federal, Marcos Valério contou ter informado ao PT sobre todos os pagamentos a Duda Mendonça na conta da Dusseldorf Company Ltda, empresa aberta pelo publicitário no paraíso fiscal de Bahamas e com conta bancária em Miami. Ele disse que os comprovantes de repasses de recursos para o exterior foram enviados por fax ao próprio Duda e também ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, que assim teria ficado ciente de que o marqueteiro estava sendo pago em conta fora do país.

Segundo Valério, os primeiros repasses para o publicitário foram em cheques nominais à SMP&B e endossados, sacados tanto pela sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes, quanto pelo doleiro Antonio Kalil Cury na agência do Banco Rural na Avenida Paulista. Zilmar teria avisado que não poderia contabilizar os recebimentos e por isso pediu que os cheques fossem nominais à SMP&B.

Assalto fez Zilmar trocar de doleiro

Depois de ser assaltada após um saque, Zilmar teria solicitado que os cheques fossem sacados por outro doleiro, Jader Kalid Antonio, em Belo Horizonte. Jader teria autorizado David Rodrigues Alves, Luiz Carlos Lara e Francisco de Assis Santos a receberem os recursos. Suspeitando que o dinheiro ia para o exterior, a SMP&B, então, teria solicitado a Jader os comprovantes dos pagamentos ao publicitário. Só então Valério teria comprovado o destino dos recursos.

Mentor admite ter recebido dinheiro de sócio de Valério

Segundo deputado, R$120 mil pagaram consultoria jurídica

BRASÍLIA. O deputado José Mentor (PT-SP), ex-relator da CPI do Banestado, confirmou ontem em depoimento à Polícia Federal que recebeu R$120 mil do advogado Rogério Tolentino, um dos sócios do empresário Marcos Valério de Souza. Mentor negou, no entanto, que tenha recebido dinheiro do mensalão. Ele alegou que os recursos seriam referentes ao pagamento por um estudo jurídico que elaborou para Tolentino.

O deputado não apresentou cópia do contrato de prestação do serviço e nem informou o conteúdo do parecer. As explicações foram consideradas insuficientes pela PF.

Pela investigação da CPI dos Correios, Mentor seria beneficiário de um repasse de R$120 mil de Valério. Na época, maio, junho e julho de 2004, Mentor era relator da CPI, que estava investigando o Rural, um dos bancos usados pelo empresário para movimentar os recursos do suposto caixa dois do PT.

Mentor se recusou a revelar à polícia e aos jornalistas, o conteúdo do estudo jurídico.

- Não posso fazer isso por sigilo profissional - disse.

O deputado considera também que não cometeu deslize ao prestar serviço para Tolentino. Segundo ele, a lei permite que parlamentares prestem este tipo de serviço.