Título: QUEDA LIVRE
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Fonte: O Globo, 07/09/2005, Opinião, p. 6

Os índices de preços continuaram em queda no mês de agosto, sendo que no caso dos indicadores apurados pela Fundação Getúlio Vargas e pela Fipe de São Paulo chegaram a registrar deflação. O Índice Geral de Preços (IGP) e o IGP-M, da Fundação, que servem para corrigir tarifas de serviços públicos, como telefonia, energia elétrica, água e esgoto, e também muitos contratos de aluguel, detectaram deflação pelo quarto mês consecutivo, e as previsões dos analistas econômicos é de que essa tendência continue em setembro e outubro.

O IPCA, calculado pelo IBGE, apresentou variação de apenas 0,17% em agosto, um mês em que tradicionalmente o índice é pressionado por aumentos de tarifas públicas. O IPCA serve de parâmetro para as metas de inflação e o acumulado nos últimos doze meses está em 6%, abaixo, portanto, do teto de 7%, e cada vez mais próximo do ponto central estabelecido pelas autoridades econômicas (5,1%). Já o INPC, índice congênere que apura o peso da inflação sobre as famílias com renda de até oito salários-mínimos, teria alcançado a meta central, se fosse o adotado como parâmetro.

Esse recuo nos índices de preços ocorre concomitantemente com a economia brasileira crescendo a um ritmo de mais de 3% ao ano. E o mais importante é que as exportações mantêm uma expansão acelerada pelo quinto ano consecutivo. No mercado interno, há uma recuperação mais concentrada nos bens de consumo duráveis.

Tal qual ocorreu no início do Plano Real, o comportamento do câmbio tem influenciado fortemente a queda da inflação, mas ao menos desta vez sem provocar desequilíbrio nas contas externas do país. Ao contrário, em 2005 o Brasil terá o maior superávit da balança comercial de toda a sua História, propiciando uma sobra de dólares que permite as empresas e o próprio Tesouro Nacional reduzirem suas dívidas no exterior.

O que mudou fundamentalmente foi a estrutura do sistema produtivo brasileiro, que se tornou mais eficiente. Isso é que tem possibilitado a economia conviver com queda de inflação, crescimento econômico, aumento da massa salarial e contas externas positivas.

É visível a mudança do sistema produtivo do país