Título: EMISSÃO SOBERANA FAZ DÓLAR E RISCO-PAÍS CAÍREM
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 07/09/2005, Economia, p. 25

Bolsa de São Paulo sobe 1,17%. Juros futuros têm queda com recuo do IGP-DI e do IPCA

A queda generalizada nos índices de preços e a bem-sucedida captação externa feita pelo Tesouro Nacional ontem - o governo conseguiu US$1 bilhão com a venda de títulos no mercado internacional - animou os investidores num dia espremido entre um feriado americano (Dia do Trabalho, comemorado anteontem) e outro brasileiro (Dia da Independência, hoje).

A inflação medida tanto pelo IGP-DI quanto pelo IPCA (este, usado pelo Banco Central como parâmetro do sistema de metas de inflação) recuou em agosto: o IGP-DI teve deflação de 0,79% (ante uma queda de 0,40% em julho) e o IPCA teve variação de 0,17%, abaixo do 0,25% de julho. A inflação em queda reforçou apostas de que o ciclo de cortes de juros - a taxa básica Selic está hoje em 19,75% ao ano - deve ter início neste mês.

Com isso, as taxas projetadas pelos contratos de juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) caíram: nos que vencem em julho de 2007, os juros recuaram de 17,96% para 17,81% ao ano. A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 1,17% por causa da perspectiva de queda dos juros (taxas menores favorecem aplicações em ações).

A nova captação do governo também agradou aos investidores. Segundo informações de mercado, a demanda pelos títulos ultrapassou US$3 bilhões. No mercado local, a expectativa de que a operação abra espaço para captações de empresas brasileiras no exterior - o que gera a entrada de dólares no mercado de câmbio, empurrando as cotações para baixo - fez com que o dólar encerrasse os negócios em queda de 0,60%, cotado a R$2,325 para venda. O risco-Brasil recuou 2,21%, para 399 pontos centesimais. O Global 40 subiu 0,44% ontem, cotado a 119,8% do valor de face.

HSBC recomenda comprade títulos brasileiros

Ontem, o estrategista-chefe de Mercados Emergentes do HSBC em Nova York, Rashique Rahman, recomendou aos seus clientes a compra de A-Bond, título brasileiro lançado há dois meses no mercado internacional. "A recente queda dos títulos brasileiros e a melhora nos fundamentos econômicos criaram uma oportunidade para a compra do A-Bond", escreveu o analista em relatório. Ontem, o papel brasileiro subiu 0,20%, para 103,75% do valor de face, seu maior patamar desde o lançamento, em 22 de julho.