Título: GOVERNO CAPTA US$1 BILHÃO COM TAXA MENOR
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 07/09/2005, Economia, p. 25

Recursos serão usados para antecipação de pagamentos da dívida externa de 2006 e 2007

BRASÍLIA. O Tesouro Nacional realizou ontem a primeira captação de recursos no mercado internacional para honrar compromissos da dívida externa de 2006 e 2007. O governo conseguiu US$1 bilhão com a reabertura do bônus Global 2025 (que vence em 20 anos), que traz uma taxa de retorno 4,17% ao ano acima do título de 30 anos do Tesouro americano.

O Global 2025 foi lançado no mercado em janeiro de 2005, quando o Tesouro captou US$1,25 bilhão. Desta vez, a taxa de retorno aos investidores será de 8,52% ao ano, abaixo da oferecida em janeiro, de 8,90% anuais. Os recursos ingressam nas reservas internacionais do país no dia 13 de setembro e os cupons serão pagos nos dias 4 de fevereiro e 4 de agosto de cada ano, até o vencimento, em 4 de fevereiro de 2025.

A emissão - a sétima deste ano - foi liderada pelos bancos Morgan Stanley e Bear Stearns, que ofertaram o papel a 102,125% do valor de face. Como o governo já captou todos os recursos necessários para o financiamento da dívida externa de 2005 (US$6 bilhões), os novos recursos serão utilizados para os compromissos dos próximos dois anos.

Tesouro só vai rolar 80% dos compromissos externos

A intenção do governo para 2006 e 2007 é reduzir em US$2,8 bilhões o estoque da dívida externa. Para isso, o Tesouro vai deixar de rolar 100% do principal para passar a rolar cerca de 80%. Isso quer dizer que o governo vai pagar 20% dos títulos que vencem em 2006 e 2007. Como o principal da dívida externa acumulado neste período chega a US$11,8 bilhões, as emissões necessárias são de US$9 bilhões - faltam US$8 bilhões.

Para abater a dívida, o Tesouro já anunciou que vai recomprar todo o estoque de C-Bonds existente no mercado. A operação envolve US$1,1 bilhão e será realizada no dia 17 de outubro. Os C-Bonds foram títulos emitidos no chamado "Plano Brady", em 1994, para a renegociação da dívida externa brasileira e dos demais países que entraram em moratória nos anos 1980. Na avaliação do governo, o C-Bond, além de compor uma dívida de curto prazo com juros altos, é um papel que tem imagem ligada à moratória. Por isso, a retirada desses títulos pode fazer com que os investidores vejam o Brasil de forma mais favorável.