Título: IPEA ELEVA PREVISÃO DO PIB PARA 3,5% EM 2005
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 07/09/2005, Economia, p. 23

Crise política afetou economia em junho e instituto espera desaceleração no 3º trimestre

A economia surpreendeu positivamente no segundo trimestre, levando o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) a rever sua previsão de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, de 2,8% para 3,5%. Mas avalia que a economia deverá ser afetada negativamente pela crise política no terceiro trimestre informou o chefe do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do IPEA, Fábio Giambiagi.

Os reflexos da crise aparecerão no resultado do índice dessazonalizado da produção industrial de julho, a ser divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deverá apresentar retração de 0,5% a 1%. Entretanto, a perda de dinamismo da atividade deverá ficar restrita ao terceiro trimestre, informa Giambiagi.

PIB poderá crescer 4% a 4,5% em 2006

A previsão é de superação gradual do problema político no quarto trimestre, com retomada do dinamismo da economia no fim do ano e inflação mantida sob controle. A previsão do IPEA é de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar 2005 em torno de 5,3% e cair ainda mais em 2006, para 4,8%.

Para o ano que vem, o crescimento do consumo privado - impulsionado pelo aumento do rendimento real e pela manutenção da expansão do crédito - deve levar a uma expansão do PIB de 4%, podendo chegar a até 4,5%, dependendo do quadro político.

- O Natal pode ser bom e entrarmos em 2006 com o pé direito em termos de crescimento - afirmou Giambiagi.

Segundo ele, a queda da inflação, combinada com o aumento da população ocupada e do rendimento real vão estimular o consumo. Categorias profissionais como metalúrgicos, petroleiros e bancários, com dissídios a partir de agosto, estão tendo reajustes salariais baseados na inflação passada (mais alta) e, por isso, vão ter aumento do poder de compra.

O bom desempenho da economia, até o segundo trimestre, vem sendo atribuído principalmente às exportações, que segundo o IPEA deverão totalizar US$ 116,5 bilhões este ano, com expansão de 11% frente ao ano passado e não só de 9,4% como havia sido previsto no Boletim Conjuntural de junho.

Estimativa menor para aumento de importações

Outro item que está pesando positivamente é a Formação Bruta de Capital Fixo, expressa em investimentos, que poderá crescer 5,3% este ano e não apenas 4,8%, conforme o IPEA esperava. Já as importações, que segundo o boletim de junho iam crescer 16,6% este ano, não apresentaram o dinamismo esperado, tendendo a uma expansão de apenas 13,3% em 2005.

Para 2006, porém, as exportações devem perder impulso e crescer de apenas 5,4% sobre 2005, enquanto as importações e o investimento registrarão saltos de, respectivamente, 12,9% e 7,3%. Neste cenário, o superávit comercial esperado para este ano, de US$39,1 bilhões, cairia para US$29,8 bilhões em 2006.

Apesar de o IPEA ter revisto a previsão de taxa real de juro de 12,2% para 13,1% este ano, o cenário é de queda gradual no longo prazo, chegando a 11,1% em 2006. Já o câmbio médio passaria de US$2,53 para US$2,75 no ano que vem.