Título: IPCA DE 3,59% NO ANO JÁ É O MENOR DESDE 1998
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 07/09/2005, Economia, p. 23

Índice tem variação de 0,17% em agosto. Economistas apostam na queda dos juros e no cumprimento da meta

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou em agosto variação de 0,17%, ficando abaixo da de julho (0,25%) e um pouco acima das expectativas do mercado, que esperava 0,15%. O resultado fez o índice, que é referência do sistema de metas de inflação, acumular no ano alta 3,59%. Trata-se da menor variação em oito meses desde 1998, quando o índice chegara a 1,65%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A telefonia fixa foi um dos itens que mais contribuíram para reduzir o IPCA: caiu de 4,21% em julho para 1,15% em agosto. Em julho, a telefonia representou mais da metade da taxa, devido ao reajuste das tarifas. No mês passado, dividiu o peso com empregados domésticos (1,86%) e água e esgoto (2,39%).

- Os preços administrados têm influência no índice. No caso dos empregados domésticos, foi o aumento do salário-mínimo que causou essa alta. De qualquer maneira, convergimos para números menores - disse Eulina Nunes, economista do IBGE.

Em agosto, pelo terceiro mês consecutivo, o grupo de alimentos e bebidas apresentou queda de preços (-0,73%). Outros destaques foram óleo de soja (-2,87%), arroz (-2,70%) e presunto (-2,75%).

- O resultado é o reflexo de câmbio e clima favorável no varejo - acrescentou Eulina.

O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em agosto, não houve variação (0%), ficando próximo de julho (0,03%). No acumulado do ano, a taxa permaneceu em 3,31%.

O desempenho do IPCA fez com que a Mellon Global Investments revisse as projeções da inflação de setembro. Em vez de um IPCA de 0,20% a 0,25%, a consultoria espera uma taxa de 0,15% a 0,20%.

- Os núcleos de inflação (que retiram do índice as oscilações mais fortes) também vieram baixos. O índice de difusão (que capta itens do IPCA com aumentos de preço) está em 48,44%: é o mais baixo em três anos - disse Solange Srour, economista da empresa.

Sem administrados, país já teria cumprido a meta

Para o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ, o IPCA de setembro deve ficar em torno de 0,2%. O que, diz, levaria o país a cumprir a meta de inflação fixada pelo governo, de 5,1%:

- Os preços administrados seguram a inflação; os livres estão, nos últimos meses, perto de zero. Esse cenário dá espaço para atingir a meta, mesmo com alta da gasolina.

O retrato da inflação do país leva o economista Carlos Thadeu de Freitas a criticar a política de juros do Banco Central (BC). Em sua opinião, a taxa já deveria ter sido reduzida, o que o BC deve fazer este mês:

- Não há pressão inflacionária. Para se ter idéia, se o sistema de metas não incluísse os administrados, já teríamos atingido a meta.

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