Título: EMPRESÁRIOS TERIAM US$40 MILHÕES ILEGAIS NO EXTERIOR
Autor: Dimmi Amora e Marco Antonio Martins
Fonte: O Globo, 08/09/2005, Rio, p. 9

Dinheiro seguiu por empresas situadas em paraísos fiscais

Presos há duas semanas na operação Roupa Suja, os empresários Altineu Pires Coutinho, de 64 anos, e Vittorio Tedeschi, de 74, teriam cerca de US$40 milhões (R$92,8 milhões) em contas não declaradas fora do país, segundo estimativas da Polícia Federal. Existe a suspeita de que parte desse dinheiro tenha sido obtido em licitações com empresas públicas que estão sendo consideradas fraudulentas. Autoridades da Suíça, onde está parte do dinheiro, já teriam bloqueado as contas.

Os valores descobertos pela polícia no exterior são superiores aos do escândalo do propinoduto, em que fiscais de renda estaduais e federais do Rio enviaram US$33,4 milhões à Suíça. O valor dos recursos da dupla no exterior pode aumentar. A polícia terminou um relatório sobre o caso esta semana e procuradores da República analisam a documentação, que deverá virar uma nova denúncia por crimes de lavagem de dinheiro e remessa ilegal.

Doleiro do propinoduto estava no esquema

Por coincidência, parte do dinheiro foi para o exterior pelo mesmo caminho do propinoduto: por meio da empresa Depolo Corporation, numa conta no MTB Bank, em Nova York. A empresa foi investigada por suspeita de lavagem de dinheiro por autoridades americanas e pela CPI do Banestado, no Congresso Nacional. Um dos responsáveis pela Depolo seria o doleiro Dario Messer, que teria atuado junto aos fiscais do Propinoduto. Por essa conta, foi parte do dinheiro deles para o Discount Bank, na Suíça.

Nesse banco, os investigadores também encontraram contas de Tedeschi e Altineu. Foram descobertas contas da dupla em outras agências suíças, americanas e em paraísos fiscais. Para que o dinheiro chegasse até lá, eles usaram cinco empresas com sede no Panamá e nas Ilhas Virgens Britânicas. Uma delas era uma caixa postal, que servia apenas para movimentar o dinheiro.

Ao prestar depoimento, Altineu negou que tivesse contas no exterior. Mas, em sua agenda, há anotações de contas no nome dele. Um fato que chamou a atenção dos investigadores foi que uma das beneficiárias dos depósitos é a portuguesa Maria Carolina Nolasco, ex-vice presidente do Merchant's Bank, presa em 2002 nos EUA por de lavagem de dinheiro.

*do Extra