Título: União pós-11 de Setembro varrida por furacão
Autor: Dan Balz
Fonte: O Globo, 08/09/2005, O Mundo, p. 19

Resposta da Casa Branca à catástrofe no Sul do país polariza eleitores americanos em trincheiras partidárias

WASHINGTON. Quando os terroristas atacaram no 11 de Setembro, os americanos se uniram na dor e na determinação, apoiando o presidente Bush numa extraordinária mostra de unidade nacional. Mas quando o furacão Katrina atingiu o país semana passada, ocorreu o oposto, com os americanos profundamente divididos em linhas partidárias no seu julgamento da resposta do presidente e do governo federal.

As interpretações distintas da capacidade de Bush em relação às duas maiores crises de seu mandato sublinham a cada vez mais profunda polarização do eleitorado que ocorreu nos últimos anos. Esta divisão deixou o presidente sem uma reserva de boa vontade de seus opositores políticos, num momento crítico de necessidade nacional, e iniciou um debate sobre se ele poderia ter feito algo para evitar a tragédia.

Para seus críticos, Bush está agora colhendo o que plantou. Seus argumentos são: enfrentando um país dividido, o presidente evitou a unidade tanto em sua estratégia de governo como em seu projeto político. Estes opositores afirmam que ele favoreceu o confronto em vez da conciliação com os democratas enquanto impunha uma série de políticas, que tinham intenção de aprofundar o apoio de sua base conservadora às custas de idéias que poderiam produzir consenso bipartidário e um apoio mais amplo dos eleitores.

Para republicanos, oposição é responsável por divisão

Seus aliados e conselheiros, embora reconhecendo que a polarização piorou nos últimos cinco anos, dizem que o partido da oposição é o maior responsável por isso. Os democratas, nesta avaliação, recusaram os esforços de Bush de ações de caráter bipartidário, ao colocar um muro de idéias que encontram apoio no seu lado, e, mesmo durante a atual crise da costa do Golfo do México, estão buscando marcar pontos políticos em vez de se juntarem ao presidente para acelerar a recuperação e o auxílio às vítimas.

Não importando quem esteja certo nestas recriminações mútuas, há uma disposição crescente em interpretar os fatos a partir de um prisma partidário. É um problema que parece destinado a perseguir Bush nos anos finais de seu mandato. Um claro fracasso em sua promessa da campanha de 2000 de ser um ¿unificador, não um divisor.¿

¿ Bush é o presidente mais partidário da História moderna americana ¿ disse William Galston, professor da Universidade de Maryland e um dos principais assessores do ex-presidente Bill Clinton. ¿ Como resultado, eleitores de ambos os partidos estão concentrados nele, em vez de em especificidades de suas políticas.

Já o presidente do Comitê Nacional Republicano, Ken Mehlman, refuta este tipo de crítica:

¿ Eles (os democratas) têm um idéia de unidade de mão única. É ¿faça o que queremos ou você não é uma unificador¿.