Título: `VOU CURTIR NOVA YORK¿
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 08/09/2005, O País, p. 3

Severino promove almoço para colegas pago com dinheiro da Câmara

NOVA YORK. Inovando todos os rituais conhecidos, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, leu ontem a introdução de um projeto de lei sobre o estatuto da língua portuguesa como se fosse um discurso. Era uma reunião da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, oferecido por ele num salão no quarto andar da ONU, mas mesmo para especialistas no assunto foi um certo constrangimento ouvir a longa exposição de motivos para o projeto.

O almoço foi o primeiro compromisso oficial da agenda de Severino em Nova York, onde chegou cedo na terça-feira. O ponto culminante dos cinco dias de estadia em Manhattan será um discurso de quatro minutos amanhã, na II Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos mas até agora a viagem tem sido pautada pela crise política brasileira.

No almoço com nove presidentes de parlamentos de países de língua portuguesa, seus respectivos assessores, o chefe da missão brasileira na ONU, embaixador Ronaldo Sardemberg, e diplomatas brasileiros, o resultado mais importante foi a marcação de um novo encontro do grupo, no meio de novembro. A conta saiu em nome da Câmara e ficou em torno de US$1 mil (aproximadamente R$2,3 mil), cerca de US$50 (R$115) por cada um dos 20 comensais, brindados por um risoto de lagosta e um prato de bacalhau, regados a champanhe francesa Moët Chandon e vinhos espanhóis Marques de Riscal.

O preço não é dos mais altos para padrões nova-iorquinos. Mas na véspera, depois de passar o dia no quarto, o presidente da Câmara teve uma boa experiência gastronômica. Acompanhado de Dona Amélia, do deputado José Thomaz Nonô e da mulher dele, Severino jantou no Vong, o melhor restaurante tailandês de Manhattan, comandado pelo chefe Jean George.

¿ Vou curtir Nova York ¿ disse o deputado, que mais uma vez avisou que não interromperá sua viagem por causa da crise política.

Na manhã de ontem, ficou de novo trancado no quarto e garantiu que nem falou no telefone com políticos nem com assessores.(H.C.)