Título: PLENÁRIO VOTA CASSAÇÃO DE JEFFERSON NA PRÓXIMA QUARTA
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Fonte: O Globo, 07/09/2005, O País, p. 8

BRASÍLIA. O plenário da Câmara vota, na quarta-feira da semana que vem, o processo contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), acusado de participação no escândalo do mensalão. Na sessão, Jefferson poderá ter seu mandato cassado. O pedido de cassação do ex-chefe da Casa Civil e deputado José Dirceu também entra na pauta do dia com o Conselho de Ética ouvindo, terça-feira e quarta-feira, as testemunhas do ex-ministro.

Também na próxima semana a Mesa Diretora da Câmara vai analisar, em reunião marcada para terça-feira, as 18 representações contra deputados envolvidos no suposto esquema do mensalão enviadas pelas CPIs dos Correios e do Mensalão. O relatório parcial das duas CPIs só chegou às mãos do corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), ontem à noite. Ele já havia antecipado que vai recomendar o envio imediato, pela Mesa, para o Conselho de Ética.

Já a CPI dos Correios retoma os depoimentos semana que vem. O principal depoimento será o do ex-ministro Luiz Gushiken, na quarta-feira. Ele é acusado de influir nas decisões dos fundos de pensão. Outra audiência importante será a do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. A CPI quer apurar os negócios de Dantas com fundos de pensão. Há a suspeita de que tenham saído dos fundos os recursos repassados pelo empresário Marcos Valério de Souza para políticos.

Na terça-feira que vem, a subcomissão de movimentação financeira vai ouvir a presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e dois diretores da instituição. No mesmo dia, a subcomissão de contratos vai ouvir representantes da empresa Skymaster e o dono da empresa Novadata, Mauro Dutra, que têm contratos com os Correios.

Dirceu volta ao Conselho de Ética em 1º de outubro

Testemunhas de defesa começarão a depor na terça-feira

BRASÍLIA. O relator do processo contra o deputado José Dirceu no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), acredita que o ex-ministro voltará a depor no conselho em 1º de outubro. Na terça-feira serão ouvidos como testemunhas de defesa de Dirceu os deputados e ex-ministros Aldo Rebelo, às 11h, e Eduardo Campos, às 14h30m. Na quarta, será a vez do escritor Fernando Morais, também chamado por Dirceu para defendê-lo. Na quinta-feira, o conselho vai ouvir o ex-presidente do PT José Genoino, este por iniciativa do relator.

Aldo Rebelo e Eduardo Campos têm evitado falar sobre seus depoimentos. A estratégia de defesa é que eles falem apenas sobre as atividades de Dirceu como chefe da Casa Civil. Mas o conselho vai querer explorar com as testemunhas a atividade político-partidária de Dirceu no governo.

Ministro da Justiça também é testemunha de Dirceu

Ainda ontem o relator enviaria ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o questionário de perguntas sobre Dirceu. O ministro também foi arrolado como testemunha pelo ex-chefe da Casa Civil.

- Devemos ouvir o deputado José Dirceu no dia 1º de outubro - afirmou Delgado, informando que ainda não conversou com o deputado petista.

Ainda na semana que vem, antes do julgamento em plenário, o deputado Roberto Jefferson tentará a última cartada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na terça-feira, a CCJ retoma a votação do recurso de Jefferson pedindo a suspensão de seu processo. Ele alega que o Conselho de Ética cerceou seu direito de defesa.

O relator do recurso, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), deverá dar um parecer considerando improcedente o pedido do petebista, que deverá ser aprovado com larga margem. Mas Jefferson pretende fazer barulho assim mesmo, com seus auxiliares levando recados dele para integrantes da comissão.

Deputado pede vistas e adia votação de recurso

A votação do recurso iria ocorrer ontem, mas o deputado Paes Landim (PTB-PI) pediu vistas e adiou a decisão. Para Cardozo, ao entrar com o recurso, os advogados de Jefferson queriam protelar a votação da cassação do cliente.

"Os advogados se valeram de todos os expediente para criar incidentes que possam retardar a votação da matéria no plenário", afirmou Cardozo em seu parecer.