Título: PROCURADOR ENDOSSA PEDIDO DE PRISÃO DE MALUF
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 09/09/2005, O País, p. 10

Pedro Barbosa pede também detenção de Flávio, filho do ex-prefeito, mas não inclui Celso Pitta no despacho

SÃO PAULO. O procurador regional da República em São Paulo Pedro Barbosa entregou ontem à noite à juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal da capital paulista, o parecer em que endossa o pedido de prisão preventiva do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e de seu filho, Flávio Maluf, apresentado pela Polícia Federal. No pedido do delegado Protógenes Queiroz, da PF, Maluf, seu filho e o ex-prefeito Celso Pitta são acusados de atrapalhar as investigações com ameaças, subornos e ocultação de provas. Pitta, no entanto, não teve a prisão pedida no parecer de Barbosa.

¿ O Ministério Público requereu a prisão de Paulo Maluf e Flávio Maluf, endossando, portanto, o pedido da autoridade policial. Não acompanhei a autoridade policial pedindo (a prisão) o senhor Pitta porque entendi que já há uma investigação em relação especificamente a esse réu ¿ explicou o procurador regional.

A decisão sobre a prisão preventiva deverá ser mesmo da juíza Sílvia Rocha. Como ela entra em férias na segunda-feira, acredita-se a decisão sairá antes. Os crimes imputados a Paulo e Flávio Maluf, ao doleiro Vivaldo Alves e a Simeão Damasceno de Oliveira, ex-diretor da construtora Mendes Júnior são, segundo Pedro Barbosa, evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Logo depois de entregar pessoalmente à juíza o seu parecer, o procurador explicou por que concordou com a prisão do ex-prefeito e de seu filho:

¿ Basicamente, levei em conta a conveniência da instrução criminal. Nós achamos que há elementos suficientes para dizer que eles tentaram controlar a investigação de forma ilegal. Nós viemos aqui encaminhar uma denúncia. Havia um inquérito relatado. O Ministério Público examinou e ofereceu denúncia. Agora a juíza vai decidir.

Procurador nega delação premiada ilegal

O procurador classificou como mentirosa a informação de que o benefício da delação premiada estaria sendo pedido ao doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, de forma irregular.

¿ Há hoje (ontem) essa notícia de que há uma delação premiada ilegal por parte do Ministério Público e da Polícia Federal. É mentirosa essa informação. O Ministério Público está com base na lei pedindo a delação premiada nesse momento para a Justiça Federal, que vai avaliar no curso da instrução. É importante deixar bem claro isso: a delação premiada foi para o juízo, o juiz é que vai decidir se as pessoas que colaboraram com a investigação terão direito a benefícios previstos na lei ¿ disse, lembrando ainda que o pedido foi feito apenas para Birigüi, mas também poderá ser estendido para Simeão Damasceno de Oliveira.

Embora tenha se negado a comentar detalhes dos processos contra Paulo Maluf para não infringir o segredo de Justiça, Pedro Barbosa garantiu que há um ¿quadro de denúncias muito grande¿ que ainda deve ser apurado.

¿ Há um quadro de denúncias muito grande, de fatos a serem apurados ainda . Há um requerimento do Ministério Público que vai ser apreciado pelo juiz, de desdobramentos de diversas investigações. Não é possível investigar tudo no mesmo inquérito. Enfim, há bastante diligências a serem realizadas ainda ¿ avaliou.